Renato Cajá e Libertadores: prometa aquilo que tem boa chance de transformar em realidade

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Qual o motivo de desconfiança em relação aos políticos? Além das denúncias de corrupção, as toneladas de promessas feitas nas campanhas eleitorais e que sequer são cogitadas no exercício do poder. Jogador de futebol não é político, mas cai em idêntico pecado quando diz frases que não tem condições de assegurar o cumprimento.

Renato Cajá encaixa-se com perfeição no estereótipo. Na entrevista coletiva realizada na tarde de terça-feira no Centro de Treinamento do Jardim Eulina, o jogador explicou o processo de recuperação da sua tendinite patelar e cravou expectativas para o final do ano. Soltou a seguinte frase: “(…)Espero agora na volta render bem mais, jogar mais solto, render o esperado, ajudar com gols e passes. E buscar algo mais, uma libertadores. Vamos sair dessa posição e depois buscar objetivos maiores”, completou.

Sua promessa de vaga na Copa Libertadores não é total delírio se levarmos a matemática como parâmetro. A Macaca está na 11ª posição com 27 pontos e está a três pontos do Cruzeiro, atual sexto colocado e com a última vaga da pré-Libertadores.

Uma vitória contra o Galo Mineiro transforma a busca pela vaga em algo palpável, factível. Claro, desde que dois fatores entrem em campo: um futebol de qualidade da Macaca e a melhoria de produtividade de Renato Cajá em relação aos primeiros jogos após seu retorno.

Por um instante esqueça a pontuação e reflita: excetuando-se o goleiro Aranha, a dupla de zaga formada por Marllon e Luan Peres e o atacante Emerson Sheik, existe plena satisfação com o futebol da Ponte Preta no Brasileirão?

Lucca pode ser recuperado e voltar a anotar gols. Fato. E o restante? Transmite confiança de que algo maior pode ser buscado? Dá para sonhar efetivamente com Jadson, Naldo, Jean Patrick, entre outros? Pode acontecer, mas ficará mais no campo do excepcional do que da normalidade.

O próprio Renato Cajá deve. Muito. Neste retorno ao Moisés Lucarelli, o que se vê é um atleta lento, desmotivado, sem inspiração e com lampejos esparsos. Bola parada? Poucos para se lembrar. Longe, distante do Renato Cajá do Brasileirão de 2015, quando seu talento era tamanho que fez a Ponte Preta fechar as entrevistas por uma semana para esfriar especulações sobre sua venda.

Aos 32 anos, não é loucura dizer que o atleta busca espaço na Ponte Preta. Ou seja, o salutar é fazer. Convencer. Depois prometer algo. Antes disso, é pura bravata.

(análise feita por Elias Aredes Junior)