Análise Especial e uma pergunta incômoda: Sérgio Carnielli esqueceu como é torcer para a Ponte Preta?

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O futebol é reflexo do país em que está inserido. Verdade. Comportamentos na vida social são replicados nas arquibancadas ou nos gabinetes. Em algumas ocasiões são tão carregados de obviedade que temos dificuldade em detectar. Pensei em tal conceito após a entrevista coletiva concedida por Brigatti em que ele deixou no ar o conceito de que a Macaca encontra-se em quadro delicado porque existe uma guerra fraticida entre oposição e situação.

Não vou esticar a análise. Só digo que está incorreto porque em uma instituição em que a atuação da oposição é bloqueada ou dificultada é quase impossível dizer que existe democracia. A Ponte Preta não foge à regra.

Um outro pensamento surgiu. Temos um fato: boa parte da torcida não suporta ver pela frente o presidente de honra Sérgio Carnielli e a maioria dos componentes de sua diretoria. Os torcedores associam a Carnielli tudo aquilo que aconteceu de ruim nos últimos anos. Especialmente pela postura distante dos dirigentes, em que prestar contas virou sinônimo de sacrifício. Até um processo eleitoral transforma-se em um tormento. Quase não há prestação de contas.

Detalhe: a justiça deve ser feita e dizer que Abadalla e Ronaldão, sempre que possível, fazem a sua pela imprensa. Mas não pesa muito. Porque até a estátua de Moisés Lucarelli sabe que Sérgio Carnielli é influente e decisivo nas resoluções, apesar de encontrar-se afastado pela Justiça. Seu distanciamento com a torcida, dirigentes históricos, pontepretanos de bons serviços prestados colabora e muito para o tal estado de coisas.

Diante disso, com todo o respeito, faço uma pergunta que pode aparecer agressiva, mas ela surge no horizonte diante de tantos fatos: Sérgio Carnielli esqueceu o que é ser pontepretano? Tem conexão com o sentimento popular, com a carência reinante nas arquibancadas?

Porque um pontepretano de verdade chora, sofre e luta por seu brasão. Fica indignado com resultados negativos e promove uma imediata revolução para mudar o rumo dos acontecimentos. Carnielli não ficou incomodado um minuto sequer com o desempenho de Gustavo Bueno na montagem das equipes? Nunca se importou com as falhas dos técnicos que passaram? As respostas caminham no rumo da indiferença, porque a saída de Gustavo Bueno só aconteceu quando o dragão da Série A-2 soltou o seu bafo na nuca da Alvinegra.

Não, esqueça as visitas de Carnielli aos elencos. Digo comportamento de torcedor, de indignação, raiva, revolta por ver seu time rebaixamento. Este colunista, após o rebaixamento para a Série B, tomou conhecimento de que diversos dirigentes mostraram inconformismo e tristeza pela queda. Não há noticia de qualquer reação por parte de Carnielli: se gostou, ficou triste, revoltado, inconformado. Nada. É como se nada acontecesse.

Não, ninguém coloca em dúvida o sentimento do presidente de honra. Quem coloca R$ 101 milhões em uma instituição certamente em algum momento foi apaixonado por ela. Meu foco está na atualidade em que Carnielli não investe um tostão (no que está certo) mas fechou a porta para qualquer tipo de relação com o torcedor, conselheiro ou simpatizante da Ponte Preta. Ele deveria entender algo básico: amor por um clube deve ser demonstrado, cultivado e praticado. De preferência, ao lado dos seus. Senão, a morte do sentimento é certa.

(análise feita por Elias Aredes Junior)