Sobre Renato Cajá, Ponte Preta e os pilares que escolhemos na vida

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A qualidade de Renato Cajá como atleta é indiscutível. Trata-se de um jogador diferenciado, daqueles que sabem, com naturalidade, como “tratar a bola” com o cuidado que ela merece. Cajá tem qualidade, tem visão de jogo, sabe mostrar-se “diferenciado”. Porém, nem só de talento vive o ídolo. O que falta a Caja é personalidade fora de campo.

Especialmente quando o assunto é suas idas e vindas para a Ponte Preta – e diante da possibilidade de uma quarta passagem por Campinas, o que nesta altura do campeonato está quase descartado.

Renato Cajá tinha tudo para estar entre os maiores ídolos da Macaca. Fez parte do time que, sob o comando de Sérgio Guedes, e jogando ao lado de Elias, conquistou o vice no Estadual de 2008. Voltou outras duas vezes, sempre respaldado pelo carinho da torcida.

Mas, em que pese boas apresentações, é apontado nas redes sociais como aquele que inevitavelmente, assim digamos, deixa o clube na mão. Porque as possibilidades de transferências internacionais sempre falaram mais alto, assim como a vontade de voltar para o Brasil meses depois.

O que vemos? Um  Caja que joga para sair do Brasil e que não joga lá para voltar ao País. É uma linha tênue entre o que ele quer e o que parece querer. Ocorre que os anos estão passando. Cajá está envelhecendo. Será que o mais importante é o patrimônio?

Não me arrisco responder por outra pessoa. Lembro-me de uma amiga psicóloga que dizia  que cada ser humano deposita sua trajetória em um pilar. Escolhemos um, entre vários. Tem o pilar “família”; o pilar “carreira”; o “satisfação pessoal”; o “satisfação financeira”; o pilar “fazer a diferença no Mundo”; o pilar “tomar partido”; o pilar do “tô nem ai”…. são muitas as possibilidades para que cada um escolha o seu. Livre árbitro. Porém, somos consequências de nossas ações.

A mim, nada importa mais do que a minha família. A maternidade me fez ainda trocar de emprego. Fez-me abandonar o jornalismo esportivo, por um tempo. Sei que  ter uma família implica em restrições financeiras, cortes de consumo. Mas o sorriso das minhas meninas é o que de mais sincero acalenta meu  coração.

E Cajá? Quem arriscaria dizer qual é o pilar dele? Nas redes sociais, nos grupos de torcedores da Macaca, o talento dele já não pesa tanto. Hoje, na balança que mede sua popularidade, suas atitudes ajudam a desconstruir o papel de ídolo. E, seu futebol, mesmo sendo acima da média, não é mais suficiente para calar o sentimento de injustiça dos pontepretanos que sempre o receberam de braços abertos.

E não sou quem diz isso. São os que construíram seus pilares na Ponte Preta. Aqueles que vivem, intensamente, um caso de amor com o clube. Ontem, em seu perfil, a torcedora Andrea Beletti chamou o atleta de “inseguro” e lamentou que ele encerre sua carreira sem ser ídolo em lugar algum.

Teve sua opinião endossada por outros torcedores. Está certa. A insegurança emocional de Renato é o maior de seus problemas. E vem desde a primeira passagem dele por Campinas. Esperava-se, ao menos, que o tempo o fizesse amadurecer… mas isso ainda não ocorreu. E, a pergunta que não quer calar é: se vier para a Ponte, mais uma vez, quanto tempo ficará? Quantas partidas jogará com paixão? “Quando decidirá sair  alegando que a chance financeira não poderá ser perdida? Isso basta?

(análise feita por Adriana Giachini)