Quando a Ponte Preta deve buscar a guerra? Por que ela precisa da paz?

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“Ponte Preta de paz
Ponte Preta de guerra
Ponte Preta de paz
Ponte Preta de guerra”

É o que diz a parte final do hino da Ponte Preta, de autoria do músico e jornalista Renato Silva. Uma letra que retrata bem o espírito do torcedor pontepretano e daquilo que esperam dos seus jogadores. Abraçar a guerra quando busca-se vencer adversários, galgar conquistas e viabilizar pontuação relevante.

Guerra que deve ser relevante na hora de lutar por direitos e apontar injustiças. Ultimamente, a guerra é urgente no gramado. Em um campeonato cuja a disparidade econômica dita as normas, é impossível somar pontos sem uma boa dose de luta e de batalha.

Pegue estes cenários e faça esta pergunta: quando a paz é necessária? Quando a paz resolve conflitos? Em que ocasiões a primeira parte da estrofe é um bálsamo e o estabelecimento de um clima harmonioso?

Paz com as arquibancadas?

A diretoria pontepretana e seu  staff deveriam buscar a paz com a torcida. É ela que é razão de viver do clube. É com a torcida que arquibancadas são lotadas e a força exterior inesperada alcança a alma de jogadores por vezes limitados e repentinamente transformados em heróis. Essa força, este fator externo depende e muito da paz para virar realidade. Não é com cobrança de ingressos a R$ 100 que a diretoria pontepretana vai buscar a paz. Institui a guerra em campo minado. Ou existe justificativa para subir o valor médio do tíquete para aproximadamente R$ 30? Um expediente frívolo.

Imprensa, componente de uma complexa indústria. Quem entende?

A paz também deveria existir na relação da diretoria, jogadores e integrantes da comissão técnica com a imprensa. Quem conhece um pouco de história do jornalismo esportivo, desde a época de Thomaz Mazzoni e de Mário Rodrigues sabe que a imprensa esportiva foi protagonista para transformar o futebol em uma máquina de ganhar dinheiro. Em transformar anônimos em heróis e milionários. Dirigentes em celebridades e detentores de um poder por vezes comparados apenas a prefeito e governadores.

É por intermédio dos repórteres destinados a acompanhar o time e  veicular informações que um clube como a Ponte Preta, fundado em uma cidade do interior paulista (ou seja, fora de Rio de Janeiro e São Paulo, os centros decisórios econômicos políticos do Brasil) tenha a projeção para atrair jogadores e profissionais que em outra conjuntura ficariam atraídos por outros centros e não pela Ponte Preta.

Compreensão daquilo que está envolvido

Muitos torcedores, por causa da péssima formação educacional reinante no país, não têm a noção plena do papel da imprensa no mundo do futebol. Repudia o profissionalismo quer dedicação com postura de torcedor. Aprendi a aceitar e entender tal comportamento. Não será com discussões acaloradas ou brigas inconsequentes que mudarei a cabeça deste perfil de  torcedor. É com educação, formação e especialmente paciência para explicar e destrinchar os conceitos aos mais jovens que o cenário vai mudar.

Este jornalista, com 21 anos de estrada, não compreende o clima de resistência e de bloqueio feito pela atual diretoria da Ponte Preta em relação ao trabalho da imprensa. Afinal, tais dirigentes são pessoas cultas, preparadas, antenadas, com milhagens em diversas partes do mundo. Possuem uma formação acadêmica e intelectual que poucas vezes se viu na história do futebol campineiro.

Relação Saudável 

Ou seja, eles conhecem o que é o relacionamento saudável e profissional dos clubes com a imprensa. Já tiveram contato com diversos modelo. Sabem o significado e a abordagem executada por uma “Gazeta Dello Sport”, Marca, Ás, Olé e outros jornais esportivos de destaques.

Nestes locais, a imprensa não é inimiga ou parceira. É tratada como deve ser: um componente vital do mundo do entretenimento e essencial para difundir marcas, craques e ideias. Tratamento profissional e respeitoso.

Informações que por acaso a diretoria considera imprecisas não são combatidas com retaliações, cerceamento da liberdade de expressão ou qualquer outro tipo de constrangimento. O caminho adequado é a utilização do mecanismo do direito de resposta, um preceito regulamentado pelo Congresso Nacional e previsto na lei.

A Ponte Preta disputa um campeonato difícil equilibrado, disputado e cheio de armadilhas. Tem 19 adversários preparados para derrubá-la e que dão motivos mais do que suficientes para Eduardo Baptista, Gustavo Bueno, Giuliano Guerreiro e Giovanni Dimarzio perderem noites de sono.

Considerar que existem adversários na arquibancada ou de quem escreve uma matéria no computador ou empunha um microfone de televisão ou de rádio não é apenas uma medida insensata. É um tiro no próprio pé. Declara uma guerra sem relação nenhuma com o espírito do hino de autoria Renato Silva. A paz sempre é o melhor caminho.

(análise feita por Elias Aredes Junior)