Torcedores da Ponte Preta explicam ao Só Dérbi porque as arquibancadas do Moisés Lucarelli estão vazias

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A Ponte Preta entrará em campo na quarta-feira, contra o Cruzeiro, às 19h30, no Estádio Moisés Lucarelli, com um outro adversário pela frente: as arquibancadas. Após os jogos realizados contra Palmeiras, Flamengo, Chapecoense e Atlético Paranaense, a média de público está em 4879, superior apenas ao Botafogo (3437) e ao América Mineiro (1566). Para se ter uma ideia do quadro delicado, basta dizer que a média do Figueirense está em 7253 e da Chapecoense, comandada por Guto Ferreira, encontra-se em 6440.

No ano passado, a decepção também surgiu quando o assunto foi bilheteria, pois a Macaca teve a pior média de público do Brasileirão.

Afinal, o que acontece? Porque o único representante do interior paulista na Série A do Brasileirão não ultrapassa os 27% de ocupação nas arquibancadas.

A reportagem do Só Dérbi apurou a opinião de seis torcedores e eles dão uma pista de motivos que levam ao afastamento do Majestoso. Confira:

O que afastou a torcida do Estádio foi a falta de ambição da diretoria em entrar em campeonatos para não cair. Também pegou mal quando estávamos na Copa Sul Americana e a diretoria decidiu sair da Sul Americana para priorizar o Campeonato Brasileiro. Sem contar a perda do título da Sul Americana em 2013 e da Série B em 2014. Isso afastou a torcida. Só que os valores dos ingressos contribuiu mais ainda diante da atual crise econômica”, Alexandre Ayres Tande Negrão.

Eu acredito que hoje a Ponte Preta virou só marketing. Acabou a vibração do time como acontecia há alguns anos. A torcida jogava com o time e vice-versa. Hoje não tem raça em campo. O pontepretano gosta de raça em campo. Então desanima.

Eu não acredito que seja o preço do ingresso. Mas você vai no estádio e vê uns caras jogando o arroz com feijão sem aquela empolgação. Sinto falta disso. Eu vou ao estádio porque sou teimosa. Confesso que me decepciono a cada jogo. Para melhorar não adianta dar ingresso para o torcedor. Tem é que montar um time competitivo. Não é trocando o ingresso por garrafa que vai trazer o torcedor mais sim um time de vibração. Que mesmo se perder vai valer a pena assistir. Um time contagiante”, Daiane Brambille, autônoma.

O fator número um que gerou o afastamento do torcedor dos estádios é a mudança do chamado “futebol do povo” que virou futebol da elite. Posteriormente, existe a queda da economia. Ainda assim os apaixonados guardam com carinho aquele mísero dinheiro pra ir mesmo na dificuldade.

O terceiro ponto é a diretoria atual que nunca irá alcançar o que outros fizeram anteriormente pra crescer o orgulho e a arquibancada lotada. Falta confiança nos dirigentes e a “manutenção é o foco”. Isso quebra qualquer pessoa.

É como pegar uma criança e falar: “Não estude não..Aprenda apenas alfabeto”. Isso desanima”, Bife Godoy, produtor de vídeo.

Algumas situações contribuem. A principal é o preço do ingresso. A maioria da torcida da Ponte é de classe baixa. Tanto é verdade que quando tem promoção como aquela da troca das garrafas Pet a resposta da torcida foi outra. Até para quem é sócio torcedor já está ficando puxado. No meu caso eu pago 170 reais em que está incluído eu, minha esposa e o meu filho e tem uma menina que não paga ainda. Imagine quando ela começa a pagar. Tem que se pensar nisso. Você junta ainda as frustrações da perda do título principalmente da Sul- Americana. Muitas pessoas desanimaram e não vê no momento a possibilidade de o time brigar por títulos. Muito torcedor novo não tem a paciência dos mais antigos que independente da situação acompanham o time, como é o meu caso”, Rodrigo Paschoal, carteiro.

Eu tenho cadeira vitalício e estou em todos os jogos. Tenho ingressos pagos até o final do ano. Mas isso é algo para poucos na Ponte Preta. Ali está sempre lotado. Mas a massa é de metalurgico, eletricitário. Dizem que tem o programa de Sócio Torcedor. Mas como comprometer isso diante do Salário que ele ganha?

A diretoria tem praticado uma elitização das arquibancadas. Para a maioria das pessoas, o ingresso é caro. Você pode até dizer que o valor é de R$ 40 a inteira e R$ 20 a meia entrada. Mas só compra a meia se estiver enquadrado nas regras. Eu trabalho no Sindicato dos Metalúrgicos e vejo muito trabalhador que comparece para dar baixa na carteira e que fica constrangido porque precisa economizar R$ 20. Mas já faz alguns anos que a Ponte Preta apresenta um público baixo. E a Ponte Preta é o clube do interior que joga a Série A. É legal, mas o time fica submetido a dificuldade de lutar por um título. E isso a torcida fica remoendo tal fato. Fica em posição intermediária traz angustia a torcida”, Rafael Lopes, assessor sindical.

(Texto e reportagem: Elias Aredes Junior)