Análise: a quem interessa a venda de um mundo faz de conta ao torcedor da Ponte Preta?

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Vira e mexe as caixas de comentários do Só Dérbi são invadidas por defensores ardorosos do presidente de honra, Sérgio Carnielli. É do roteiro. Faz parte da democracia. O que não dá para aceitar é o conteúdo que resvala no bélico. Por ter salvo a Ponte Preta da falência, o empresário não pode ser criticado. Nunca. Nem em sonho. Tudo é lindo e maravilhoso. Mundo cor de rosa. Alguns leitores já chegaram a dizer que apontar os defeitos porque “dói” muito. Claro que tal efeito colateral acontece. O crescimento só ocorre nestas circunstâncias.

Os fatos positivos de Carnielli não vou enumerar. O seu séquito de adoradores encarrega-se da tarefa.

O que não entendo é por que todos se recusam a aceitar falhas escancaradas. A primeira é simples como água: Carnielli é um desastre na operação política. Definhou o quadro de associados, exterminou a oposição e extinguiu o debate e a troca de ideias, característica primária na história da Ponte Preta. Leiam os livros de Sérgio Rossi e saberá do que falo. Pergunto: o que ganha a Ponte Preta em esconder esta fragilidade de Carnielli?

Um presidente, aliás, que foi incapaz de gerar um processo contínuo de formação de dirigentes de futebol. Figuras com sucesso não completam uma palma da mão: Marco Antonio Eberlim, Márcio Della Volpe, Niquinho Martins e a memória começa a falhar. Quadros com características diferentes e que no final saíram do Majestoso e não fizeram sucessores. Carnielli roda, roda, roda e não sai do lugar. Não cria novas lideranças. Não forja gente para pensar e planejar o futebol. Por incrível que pareça, muitos torcedores não querem que tal ponto seja abordado. Preferem ser iludidos. Uma tragédia.

O atual time é ruim. Vai em frente graças à tenacidade de Brigatti. Não brigo com os fatos. Também não ignoro que, se ele não tiver respaldo, jogadores e infraestrutura tudo pode evaporar por questão de minutos. Agora, adivinhe: quem mostra pontos tão óbvios é perseguido, criticado, constrangido. “O time está bem fale de coisa boa”. Infelizmente, típica frase de um torcedor com formação infantilizada. Que prefere viver em constante ilusão.

Mal sabe ele que viver às claras produz dores, dissabores, desesperos sazonais, mas fomenta instrumentos de redenção que geram a inversão de valores buscada por aqueles que desejam a vitória.

Defender de modo intransigente Sérgio Carnielli, fechar os olhos para os problemas da diretoria e desafios da Ponte Preta pode ser útil para quem deseja viver anestesiado. Duro é que, quando o efeito passa, a dor é muito maior. E dependendo do caso pode até matar. Neste caso, seria um clube centenário e popular.

(análise feita por Elias Aredes Junior)