O empresário Roberto Graziano muitos apoiadores em relação a sua proposta. Apesar de destinar apenas 10% do total arrecadado para os cofres do Guarani, é nítido que a promessa de repassar R$ 20 milhões para pagar ações cíveis em tramitação é sedutora.
É uma maça perdida no paraíso.
Parece a solução de todos os males. Mesmo que o pagamento dessa quantia seja feita sobre o percentual acordado e direcionado ao Guarani.
Torcedores consideram que vale a pena.
Quero chamar a atenção para um aspecto tão caro aos torcedores, que é a sigla GFC, a qual significa Guarani Futebol Clube. Do jeito que está, ninguém poderá reclamar se informalmente o clube for chamado de “Graziano Futebol Clube”. Duro, doído, mas real.
Desde que assumiu o poder, o grupo político liderado por Horley Senna e agora por Palmeron Mendes Filho nunca ouviu ou aceitou outra proposta para tirar o Guarani do atoleiro.
Era Roberto Graziano ou a morte.
Foi esse argumento que fez a juíza trabalhista Ana Cláudia Torres Viana anular o leilão que deu vitória para Maxxion e apostar na formula acordada com o empresário.
Construir um Centro de Treinamento, Estádio e uma sede social não tira de visto algo duro de admitir: hoje, Roberto Graziano é dono de fato e futuramente será direito de toda a estrutura física do Guarani Futebol Clube. Ou seja, do estádio Brinco de Ouro, das piscinas, do ginásio e de tudo que envolve.
O que é pior: sua proposta, mesmo que tenha salvaguardas, dá o futebol profissional e as categorias de base na sua mão. Mais: e os funcionários que hoje trabalham nestes locais e têm registro em carteira pelo Guarani. Serão registrados e absorvidos por Graziano? Serão demitidos? Não há definição? Qual a resposta?
Seria normal a proposta se o Guarani tivesse sua história forjada pela mão de uma única pessoa. Ou seja, uma sociedade anônima.
Não é.
O Guarani é uma comunidade, uma família, criada em 1911 em torno de uma meta, que era fazer do futebol um objetivo de congraçamento e união.
Agora, a faca é colocada no pescoço dos sócios para que todo esse conceito seja jogado no lixo em nome da preservação apenas do nome Guarani Futebol Clube. Pura fantasia. Na prática, uma única pessoa será proprietária da paixão.
E que não venham me dizer que o futebol é puramente capitalista. O esporte tem diversos exemplos de agremiações sem donos e são pujantes e com bons resultados. No futebol americano, o Green Bay Packers é uma máquina de fazer dinheiro e não tem dono. Barcelona idem. A Chapecoense é outro modelo de que um trabalho comunitário pode fazer diferença.
Por que o Guarani tem que ser diferente? Por que tudo precisa ficar na mão de uma única pessoa? Dirigentes não entendem de futebol? Ora, que estudem, se reciclem e tentem entender. Ora, seria o mesmo que marido ou mulher se recusarem a lavar louça porque esperam a chegada da empregada doméstica na manhã seguinte. Não seria melhor deixar a preguiça lado? O Guarani precisa de ideia, ações, projetos e pessoas. E não de salvadores da pátria adotados no afogadilho.
(análise feita por Elias Aredes Junior)