A Bola e suas histórias: o dia em que o repórter virou técnico da Ponte Preta

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Une pile de journaux. Image pour la société d'information. Le pouvoir est dans le savoir. Il faut rester au courant des choses. Images illustrant l'intérêt pour l'actualité.

O jornalismo é traiçoeiro. Abre espaços para erros inesquecíveis. Esta aconteceu em 1997, na redação do jornal Diário do Povo, em Campinas. Meu amigo Paulo Ferrari Viarti era o setorista do Guarani enquanto que Ariovaldo Izac cuidava da Ponte Preta e eu dava assistência aos dois em casos emergenciais.

Todo final de tarde, Paulinho, como era conhecido, sabia da tarefa: atender um jornalista jovem do extinto Diário Popular. Conhecido por seu caderno de Esportes diversificado e qualificado, o foco não era apenas cobrir os quatro grandes de São Paulo. Os clubes de Campinas recebiam carinho e atenção.

Sabíamos que o garoto era descendente de japoneses. Com paciência, Paulinho atendia. Sem pressa. Um dia, a Ponte Preta tinha uma novidade: a estreia de um treinador. Posso estar enganado, mas era Vanderlei Paiva que voltava na gestão de Nivaldo Baldo. De qualquer vamos usá-lo como modelo para o leitor ter uma ideia da trapalhada.

O jogo de estreia seria em Bragança Paulista, diante do Bragantino. Paulinho transmitiu as informações ao colega de profissão. Logo depois, ele fechou o computador e foi para casa desfrutar do descanso dos mortais.

No dia seguinte,  a editoria de Esportes era um riso só. Estranhei. Carlo Carcani, que já era o editor, só teve forças para dizer:

– Olha isso..

O texto entra para a antologia do jornalismo. “A Ponte Preta joga hoje pelo Campeonato Paulista contra o Novorizontino (primeiro erro: era contra o Bragantino). Na oportunidade, o time campineiro terá a estreia do novo técnico PAULO FERRARI VIARTI”. Ou seja, o repórter do Diário do Povo virou técnico da Ponte Preta nas páginas do Diário Popular.

Ao ver o absurdo, Ariovaldo Izac ficou de plantão no telefone. Esperou a ligação rotineira. E que não seria atendida por Paulinho.O aparelho tocou, Ari atendeu e nem esperou o companheiro de profissão respirar:

– Ei japonês, fica esperto!

Ah, o jornalismo moderno….

(Elias Aredes Junior)