Especial Sócio Torcedor: Lazer não é prioridade para a familia brasileira. Como isso prejudica a captação de clientes?

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Quando cronistas esportivos e dirigentes bugrinos e pontepretanos defendem a aplicação do programa de Sócio Torcedor, o argumento principal está alicerçado no valor. Como é um gasto que vai de R$ 20 a R$ 80 isto não teria peso no orçamento de uma família de classe média.

Pesquisas mostram que o consumidor médio prazo não considera o futebol como investimento consolidado.

Basta dizer que levantamento feito em 2017 pela Kantar Worldpanel, empresa especializada em consumo,  o gasto com diversão sequer entrou no ranking dos dez que mais contribuíram para o crescimento dos gastos do Brasileiro no ano de 2017. Aparecem em primeiros lugares transportes, alimentação dentro do lar, habitação, serviços públicos e higiene pessoal. Saúde, artigos de limpeza, bebidas dentro do lar, comunicação e educação fecham a lista.

Se a análise for direcionada para o boletim emitido em dezembro pelo ICV do Dieese veremos que de tudo que é gasto pelas famílias 30,48% vai para alimentação, 22,5% com habitação e outros 14,78% com transporte. Gastos com saúde ficam com 14,59% do total recebido pelo trabalhador brasileiro. Lazer ou recreação (que é o quesito em que se enquadra o futebol) fica com 0,91% do total. Traduzindo: se um trabalhador ganha R$ 2000 mensais, ele reserva menos de R$ 20 para lazer. Ou para ir ao campo de futebol.

Pegue esses dados e recorde que o total de bugrinos e pontepretanos na Região Metropolitana de Campinas é de, no máximo, 607 mil pessoas ao juntarem as duas torcidas. Se você constatar os números apresentados pelo Instituto Guimarães verá que o quadro é ainda mais dramático.

Pela pesquisa, a estratificação de renda na torcida do Guarani é a seguinte:

Recebem até um salário mínimo: 4,5%

De 01 a 02 salários mínimos: 29,3%

De 02 a 05 salários mínimos: 45,6%

Acima de cinco salários mínimos: 18,4%

Na torcida pontepretana o quadro é o seguinte:

Recebem até um salário mínimo: 9,4%

De 01 a 02 salários mínimos: 19,3%

De 02 a 05 salários mínimos: 38,7%

Acima de cinco salários mínimos: 27,9%

 

Coloque nesta conta a estimativa de que temos mais de 247 mil desempregados na Região Metropolitana de Campinas. Mais um obstáculo econômico para as equipes ampliarem o seu leque de sócios.

Vamos estimar que tanto Ponte Preta como Guarani possuem 303.600 torcedores. Seria uma visão otimista sobre o contingente da torcida bugrina e deixaria a Macaca na margem de erro. Mesmo assim não há motivos para comemorar.

A diretoria da Ponte Preta teria na RMC um universo de 202.197 torcedores para captação pois teria 66% dos torcedores com rendimentos acima de dois salários mínimos. Se formos tomar como base o resultado da pesquisa do Instituto Guimarães e transportarmos para a Região Metropolitana de Campinas, o patamar de publico alvo sobe para 265.933 torcedores.

No Guarani, na primeira simulação com quantidade parelha com a torcida pontepretana, o contingente de torcedores com poder aquisitivo seria de 64% do total ou 194304 torcedores. Caso seja aplicado sobre o índice original (de 6,3%), a quantia cai para 133.056 torcedores.

Os números demonstrados nos quatro posts provam o tamanho curto do cobertor. No máximo, o sócio torcedor  tanto no Majestoso como no Brinco de Ouro ou no Majestoso poderá ajudar no auxilio de pagamento de algumas contas, mas dificilmente será avalista de contratação de jogadores ou financiamento da melhoria de infraestrutura.

Como encher as arquibancadas? De que forma elevar a média de publico? Isso veremos em uma análise que publicaremos amanhã. Aguarde.

(dados, texto e análise de Elias Aredes Junior)