Abdalla faz gestão decepcionante na Ponte Preta. Mas tramar a sua queda é uma aventura inconsequente!

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José Armando Abdalla Junior decepciona na gestão da Ponte Preta. Apesar de sua boa vontade e disposição ao diálogo é fato que algumas de suas medidas trouxeram frutos amargos em médio e longo prazo.

A troca de treinadores é uma. A estabilidade com Jorginho não pode esconder o fato de que algumas saídas foram atabalhoadas e sem sentido, como a do ex-goleiro João Brigatti. A reformulação nas categorias de base com a saída de Leandro Zago e a ascensão de Felipe Moreira também não pode ser esquecida, assim como seus resultados. O tempo passou e por enquanto não há soluções administrativas concretas para a Unidade Paineiras, melhorias no Centro de Treinamento do Jardim Eulina e uma linha de trabalho com as categorias de base. Espera-se que aconteça com Marcelinho Paulista.

O futebol vive mais de erro e acerto do que um planejamento delineado com começo, meio e fim, algo já alertado em ofício de autoria do vice-presidente do Conselho Deliberativo, Pedro Maciel Neto. Não houve resposta. Sintoma claro de uma gestão ruim, incompetente.
Em um de meus artigos citei o distanciamento entre Abdalla e Sérgio Carnielli, algo que foi prontamente refutado pelo segundo. Pelo contrário. Existe proximidade e troca de ideias. Menos mal.

Dito isso alguns fatos devem ser colocados á luz do dia. E sermos claros e cristalinos. Gestão ruim não é justificativa para se tramar a queda de um presidente eleito de modo democrático e transparente e de acordo com as regras estabelecidas pelo estatuto da agremiação.

Os corredores políticos da Ponte Preta estão sendo invadidos com a teoria de que um grupo de conselheiros vai para a reunião do Conselho Deliberativo com a disposição de reprovar o balanço financeiro em virtude da falta de pagamento de impostos por parte da alvinegra. Seria o passo inicial para a entrada de um pedido de impeachment contra Abdalla por gestão temerária.

E o principal beneficiado seria Giovanni Di Marzio, que seria hoje o único em condições de ocupar o cargo e cumprir as exigências. Reforço importante: Di Marzio já disse por diversas vezes a esse colunista que nunca, jamais vai se candidatar ao posto. Esta é a sua palavra. Que infelizmente, para o seu azar, não encontra ressonância política, pois a especulação continua em vigor. Mas é bom que seja registrada o seu posicionamento.

Independente disso, podemos dizer que o argumento para destituição de Abdalla é frágil, capenga e não se sustenta. Se fosse para tudo ser levado ao pé da letra, nenhum clube brasileiro teria presidente. Quase todos devem tributos. Tanto que foi criado o Pró Fut. Mais: a reivindicação perde força se levarmos em conta que o presidente Vanderlei Pereira no seu ultimo balanço aprovado, em 31 de dezembro de 2017, também deixou mais de R$ 1, 8 milhões em débito de impostos. Ora, porque agora Abdalla deve ser deposto? Por que então Vanderlei Pereira foi preservado? Em nome de que é realizada tal distinção de tratamento? Pergunta perturbadora, reconheço. Necessária.

Não vou perder tempo em fazer conexão com a vida política do país. Governos em âmbito federal, estadual e municipal tem exemplos aos montes do quanto é prejudicial a saída de um mandatário antes do término do mandato. Cria-se uma ruptura desnecessária e desnorteia o funcionamento das instituições. Alguém duvida de que isso ocorrerá na Ponte Preta uma hora ou outra caso Abdalla seja catapultado do cargo? Brigar com a realidade é suicídio político.

Ah, então todos devem aceitar o atual quadro de modo bovino, prontos ao abate? Nada disso. Quem está hoje na oposição ao atual presidente precisa demonstrar combatividade, discurso criativo e cobrança nas instâncias legais. Incentivar o debate e procurar formulas que façam a Macaca ser um clube sustentável e jamais ficar na dependência do mecenas da vez. A Ponte Preta é muito grande para ficar na mão e no pensamento de uma só pessoa. E a coletividade precisa assumir seu protagonismo.

Até para tirar Abdalla da zona de conforto e força-lo a tomar decisões mais coerentes e de acordo com os interesses da Ponte Preta.

Voto não tem preço, tem consequência. E o eleitor precisa encontrar-se preparado para assimilar tal conceito. José Armando Abdalla Junior deveria ficar até o último dia de mandato, mesmo se sua gestão for decepcionante, como na atualidade. A troca deve ser pelo voto. A Ponte Preta precisa de estabilidade, democracia, criatividade e profissionalismo. Aventuras inconsequentes só trarão prejuízos.
(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)