Não recrimino aqueles que torceram o nariz para a contratação de Xandão. Está sem ritmo de jogo, algo admitido por ele na entrevista coletiva de apresentação ocorrida na tarde desta quarta-feira no Brinco de Ouro. Só que sua experiência será preciosa e já faz diferença.
Basta ver a resposta dada a uma pergunta pertinente sobre uma possível contaminação das brigas políticas no vestiário e no trabalho dos jogadores.
Xandão não poderia ter sido mais claro: “Há 12 anos, quando eu subi para o profissional, o Guarani estava em um momento mais delicado que hoje, estávamos na Série A2 do Paulista e na Série C do Brasileiro. Hoje a condição já é de Série A1 do Paulista, e B do Brasileiro. A questão política não posso dizer porque acompanhei de muito longe, acaba sendo complicado de entender. O clima é excelente aqui, o Fumagalli, o Marcos Vinicius e o Gabriel Remédio me receberam super bem, depois pude conhecer o presidente Palmeron. Não diagnostiquei nenhum problema na parte política, até porque não é meu papel, meu papel é dentro de campo”, disse o jogador.
Bingo. Primeiro por focar naquilo que realmente interessa, que são os responsáveis pelo departamento de futebol. Se eles estiverem determinados a realizarem um bom trabalho (e estão!) já é meio caminho andado.
Por ter sido criado no clube, Xandão já viveu situações semelhantes. Sabe que os embates jamais terminarão e que sua missão agora com a experiência vivida no futebol do exterior é ajudar na blindagem do vestiário e auxiliar na manutenção do ânimo dos companheiros caso ocorram obstáculos financeiros e administrativos.
O calendário atual do Guarani é infinitamente melhor do que o de 2008, mas Xandão no fundo sabe que a guerra política é a mesma. Só mudaram os personagens.
Ele faz bem em alertar: dentro do clube, a tarefa dos atletas não é a de fazer militância e sim de assegurar a pontuação que a torcida deseja. E Xandão e todos no Brinco de Ouro sabem que existe muito trabalho pela frente.
(Elias Aredes Junior)