As declarações do técnico Roger Machado após a derrota para o Fluminense suscitou uma repercussão avassaladora a respeito da luta contra o racismo em todas as esferas da sociedade.
Provocou neste colunista uma reflexão do retrocesso viabilizado por alguns personagens em Campinas em relação a essa luta. Que é uma pauta de todos.
Ponte Preta e Guarani foram palcos de projetos fracassados, de tentativas de empoderamento e a resposta foi incompetência, má gestão e vacilos intermináveis.
O Guarani hoje respira aliviado pela saída de Palmeron Mendes Filho. Negro e ocupante do olimpo ao c viabilizar a carreira de advogado, sua gestão na parte política foi desastrada e sem rumo. Criou tanta cizânia que não teve alternativa que não a de renunciar.
Apesar de campeão da Série A-2 de 2018, o fracasso ficou colado no seu caminho. Triste. Especialmente se levarmos em conta que muitos historiadores consideram Jaime Silva o principal dirigente da história do Guarani. Palmeron Mendes teve a oportunidade em colaborar demais com a luta e não deu certo.
O que dizer de Ronaldão na Ponte Preta? Por duas vezes ocupou uma posição de destaque no futebol pontepretano e em ambas oportunidades não deixou legado nenhum. Falhas do começo ao fim. Não transportou aos gabinetes a liderança que teve no gramado e que lhe um titulo de campeão do mundo pelo São Paulo. Como a Ponte Preta tem sua história ligada a comunidade negra e sua trajetória, o êxito de Ronaldão reforçaria ainda mais o viés popular da equipe.
Os dois exemplos citados demonstram que temos um caminho longo. Não só para exterminar com o preconceito e a discriminação como para construir instrumentos que possibilitem um preparo melhor dos negros em postos de comando. Educação de qualidade, conscientização, cidadania plena e estofo para encarar desafios aparentemente intransponíveis são missões colocadas.
Da parte dos clubes campineiros, esses percalços não podem servir de justificativa para bloquear o acesso de negros e negros aos principais postos do futebol profissional no Guarani e Ponte Preta. É preciso insistir, capitalizar e exterminar com um dado cruel: as duas diretorias executivas contam com poucos negros e nenhuma mulher. Precisamos de um refresco de modernidade. Antes que seja tarde.
(Elias Aredes Junior)