É fácil gerar um clima de ilusão em determinadas ocasiões. Buscamos arranjar uma desculpa para o nosso fracasso. Certamente uma das desculpas que serão enumeradas no final de novembro, caso ocorra o fracassso, é a de que a Ponte Preta não deveria ter demitido o técnico Jorginho. Condutor da melhor fase da Macaca na Série B, tinha o controle do elenco e boa produtividade no gramado. Certamente buscaria a recuperação. É a tese de muitos.
Convenhamos: o discurso será ainda mais reforçado se o Coritiba sustentar a quarta colocação da Série B. Uma fila de pessoas vai colocar o dedo na direção da televisão e pronunciar a batida frase: eu avisei.
Nas aparências, a teoria é válida. Análise aprofundada muda a direção do diagnóstico. Primeiro devemos demonstrar por A mais B que Jorginho também teve instantes ruins nesta segunda passagem. Exemplos: a derrota para o América Mineiro quando este lutava contra o rebaixamento e a desclassificação para o Aparecidense na Copa do Brasil.
Outro tempero precisa ser colocado: Jorginho conseguiria produzir mais e melhor sem a presença de Abner, que era o principal jogador da Macaca antes de sair rumo ao Athletico-PR? Será que conseguiria um rendimento satisfatório diante de tais condições? Díficil saber.
O que dá para falar que a questão da competência do técnico é assunto menor dentro da atual conjuntura da Ponte Preta. Não há técnico no planeta terra que apresente boa produtividade sem comando claro no futebol. Nunca é demais recordar: desde a licença por saúde requisitada pelo ex-jogador Ronaldão, não há diretor de futebol estatutário nomeado.
Impossivel bom rendimento com estrutura aquém do desejado. E principalmente com uma guerra política que atrapalha o clube 24 horas por dias.
Os jogadores não se importam? Nem tanto. Dependendo do clima, a instabilidade chega aos vestiários. Fato.
Resumo da ópera: Gilson Kleina erra e acerta assim como Jorginho. Tem suas debilidades e virtudes assim como o atual comandante do coxa branca. Mas não dá para produzir paz em clima de guerra. Kleina e Jorginho são técnicos de futebol. Não são santos.
(Elias Aredes Junior)