No Cruzeiro, o rebaixamento poderá significar ressurgimento; Em Campinas, as quedas foram reforço da mesmice

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Logo após o rebaixamento do Cruzeiro, sacramentado com a derrota para o Palmeiras, dirigentes, torcedores, jogadores e amantes do futebol diziam que o fato poderia auxiliar na recuperação da agremiação. Que ele voltaria mais forte e destemido para alcançar novas glórias.

Citavam o exemplo do Corinthians, que foi rebaixado no Brasileirão de 2007 e cinco anos depois conquistou o mundo. Ou o próprio Vasco da Gama, vencedor da segundona de 2009 e que faturou a Copa do Brasil de 2011.

É uma teoria válida. Só que vira pó se não existir algo fundamental: gente capacitada para a reconstrução. E que faça um trabalho para subir de patamar e nunca para ficar no mesmo lugar ou regredir.

Ponte Preta e Guarani são provas cabais de que os rebaixamentos serviram para, no máximo, produzirem lampejos e nunca uma mudança de patamar no mundo da bola. Apesar de encontrar-se em uma cidade com 1,2 milhões de habitantes e uma região metropolitana de 3,3 milhões de pessoas.

Veja bem. Em nível nacional, o Guarani sofreu quatro rebaixamentos, sendo dois da Série A para a Série B (2004 e 2010) e outros dois da segundona para a terceirona (2006 e 2012). Na Macaca, em âmbito nacional, são três quedas registradas (2006, 2013, 2017).

Sejamos sinceros: os clubes voltaram mais fortes de maneira perene? Contam com Centros de Treinamentos que se equipararam aos principais do Brasil? Conseguiram subir de patamar na questão de contratação de jogadores? Sim, a Macaca disputou finais do Paulistão de 2008 e 2017 e uma Sul-Americana de 2013. Teve uma campanha destacada no Brasileirão de 2016. Mas falta continuidade para que o gramado produza frutos nos bastidores e no cotidiano. No Guarani não é diferente. Foi campeão da Série A-2 em 2018, vice-paulista em 2018, vice-campeão da Série B em 2009, da Série C em duas vezes (2008 e 2016) e fica o questionamento: isso foi revertido em melhorias para o clube? Não, esperar Roberto Graziano cumprir a sentença não serve de desculpa. Poderia encontrar outras saídas. E não fez.

Os dirigentes campineiros sempre citam o Athletico-PR como referência. Pois o Furacão, que já tinha uma estrutura invejável, caiu em 2011, voltou em 2012 e aprimorou seu trabalho para faturar nos últimos dois anos uma Copa Sul-Americana e uma Copa do Brasil.

Que o Cruzeiro não adote o caminho de apatia e mesmice abraçado pelos clubes campineiros.

(Elias Aredes Junior)