Ponte Preta e a Unidade Paineiras: vale a pena desprezar o esforço de recuperação realizado por verdadeiros pontepretanos? Não, não vale!

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Apesar de sua péssima gestão no futebol e as trapalhadas na articulação política, um dos pontos positivos da administração do dentista aposentado José Armando Abdalla Junior na Ponte Preta foi a permissão para que um grupo de torcedores e conselheiros tentasse ressuscitar a Unidade de Jardim das Paineiras.

Um local viabilizado porque um pontepretano doou o lugar no final da década de 1960 para que a entidade tivesse um clube voltado a classe média. Com o passar do tempo virou uma tribuna política e incubadora de novas lideranças.

Com a mudança de parâmetros para o funcionamento de clubes associativos e a tomada de decisão do grupo político de Sérgio Carnielli, de colocar o lugar em último plano de suas prioridades, seguidos déficits foram registrados.

A missão de reerguer o local ficou a cargo de Pedro Paulo D´Abruzo, o Boina. A diretoria executiva  tinha planos ousados para o lugar. Caso a recuperação virasse realidade, a ideia seria deslocar toda a parte administrativa para a Unidade do Jardim das Paineiras e deixar o estádio Moisés Lucarelli com funcionários apenas para manutenção e a realização de jogos.

Pois bem. Segundo relato do próprio Boina nas redes sociais, quando o grupo liderado por ele assumiu o lugar, o déficit mensal era de R$ 30 mil, sendo que existia um funcionário com cargo de gerente e que foi demitido posteriormente por Abdalla.

Após assumirem a missão no dia 03 de agosto, sem a presença do gerente, os abnegados pontepretanos captaram 900 novos sócios para o local e juntamente com a locação de espaços e a terceirização da academia o primeiro mês foi possível arrecadar R$ 28 mil. Ou seja, em 30 dias de funcionamento, o local reduziu o déficit para R$ 2 mil. Antes, o local, segundo Boina tinha apenas 18 sócios patrimoniais.

Com a mudança de administração, todo o trabalho feito foi abandonado e o déficit retornou. Após a entrevista concedida na quarta-feira a Rádio Brasil perguntei ao presidente da Ponte Preta, Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, sobre o que seria feito da unidade do Jardim das Paineiras. Em sua resposta, o presidente disse que o local era deficitário e que existiam três  alternativas para resolver o problema: a venda do local, o aluguel do espaço ou separação das contas da parte social do futebol e automaticamente designar um grupo para tocar o local e buscar o sustento próprio.

Este Só Dérbi defende com unhas e dentes a profissionalização do futebol. Em todos os níveis. E se preciso for a eliminação da parte social, como foi feito no Athlético Paranaense. Só que toda regra tem exceção.

Pelo seu histórico para a formação de novas lideranças políticas e de influência na opinião pública, a Unidade do Jardim Paineiras não deve ser desfeito e nem descartado. A solução encontrada por Abdalla foi inteligente. Tiãozinho poderia resgatar a ideia com alguns acréscimos: um colegiado para tocar o Jardim das Paineiras e que fosse eleito pelo Conselho Deliberativo. Detalhe: por uma questão de justiça, Boina deveria ser incluído nesta etapa.

Estabelecer um prazo de dois ou três anos para que o local ficasse independente. Nesse período, os déficits seriam cobertos pelo clube, mas já com data de validade. E se não ser certo? Novos debates e buscas de saídas.

Acoplado a isso, incentivar o uso por parte do Sócio Torcedor , caso este tenha adimplência por um período de seis meses, por exemplo.

Cada clube tem sua história e sua característica. A Ponte Preta é, antes de tudo, um clube associativo e que tem na coletividade uma característica presente. Um local em que ninguém deve ficar excluído: profissionais liberais, operários, empresários, negros, brancos, conservadores, liberais, progressistas. E a Unidade do Jardim das Paineiras é um destes símbolos.

Tiãozinho assumiu o cargo com a intenção de promover a união e apaziguar os espíritos. Ele, mais do que ninguém sabe que ser de oposição ao seu governo não significa possuir maior ou menor amor pela Ponte Preta. Muito contrário. Seria de bom grado iniciar o ano de 2020 com um gesto de boa vontade e entregar o Jardim das Paineiras a quem interessa: aos pontepretanos.

(texto, reportagem e análise de Elias Aredes Junior)