Análise: sobre treinamentos, Ponte Preta, Guarani e a prudência descalibrada de Jonas Donizete

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Antes do comentário em si, um aviso: este Só Dérbi e seu jornalista responsável são favoráveis ao isolamento no combate ao coronavirus. Acreditamos de que seria função do governo de plantão socorrer pequenas, médias e até grandes empresas e fornecer condições as pessoas de baixa renda para sobreviverem e de suportar o isolamento. Inclusive até com moradias provisórias.

Este é o modelo ideal. Medidas tomadas por governantes firmes. Que não ficam em cima do muro.

Existe a realidade. E nela algumas cidades liberam atividades não essenciais apesar do registro do aumento dos casos de Covid-19.

De modo equivocado, pessoas estão indo as ruas até para fazer compras supérfluas. E pior: sem máscara. Se não ocorrer um crescimento no número de casos será um milagre de proporções épicas.

Dito isso, um outro aspecto foi para o brejo: coerência. Quero me ater ao prefeito de Campinas, Jonas Donizete. O mandatário que enche o peito nas redes sociais para criticar o presidente Jair Bolsonaro é o mesmo que na vida real patrocina uma liberação de atividades que boa parte da população, no fundo, entendeu como um belo “liberou geral”.

Para deixar qualquer um de cabelo em pé, na entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, ao tentar explicar a proibição dos treinamentos de Ponte Preta e Gurani, o atual mandatário campineiro sai com esta frase: “Eu tive um encontro com os clubes na última semana e havia uma expectativa sobre a volta dos treinamentos, mas não vai acontecer nesta semana pelo aumento do número de casos na cidade. Prudência não faz mal”, disse o prefeito, que ainda completou: “Foi uma decisão minha não liberar os treinos ainda nesta semana. Na próxima semana, ainda com calma, vamos sentar e discutir novamente. Mas neste momento não”, completou.

Espere um momento. Prudência? Onde? Qual a diferença de liberar uma atividade que engloba diariamente a participação de, no máximo, 60 pessoas, enquanto as ruas registram ruas lotadas e os ônibus estão abarrotados de gente? O que explica encher o peito e posar de paladino da ciência na hora de vetar o futebol e mandar tudo as favas quando comércios e diversas atividades abrem as portas?

O prefeito campineiro não foi prudente e sim incoerente. O ideal? Que todos estivessem em quarentena até a curva ser achatada. Este remendo feito pelo Palácio dos Jequitibás só comprova o quanto estão perdidos e como sobra discurso e falta convicção.

Uma incoerência que pode custar caro. De um lado, os clubes estão frustrados porque vislumbram outras atividades sendo abertas. Daqui alguns dias, todos estarão insatisfeitos. Uns porque não conseguem treinar. Alguns porque não terão vaga em hospital para serem atendidos. E outros porque não terão para quem vender. Porque certamente muitos voltarão para as suas casas com medo do vírus.

A insensatez gera pavor e desencontros. Pobre Campinas. Que dureza São Paulo. Que tristeza Brasil.

(Elias Aredes Junior)