Gratidão e construção de imagem: as reflexões produzidas na relação entre Guarani e Marcus Vínicius Beck Lima

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Após trabalhar por dois períodos no Guarani, o ex-superintendente executivo de futebol do Guarani, Marcus Vinicius Beck Lima entrou na justiça contra a agremiação. A informação divulgada pelo jornalista Lucas Rossafa no Twitter demonstra que o executivo quer receber aquilo que lhe é de direito. Abriu mão de 50% do total. Quer R$ 30 mil. Dinheiro irrisório se levarmos em conta a ciranda do futebol. O Guarani não se pronuncia e por enquanto não fez acordo.

Não quero falar de questão jurídica. Nem administrativa. Uma hora ou outra as partes vão se entender. Quero tratar de conceitos mais amplos. Um envolve algo presente na nova concepção do mundo da bola. Outro tem relação com relações humanas.

O Guarani está no futebol. Que é business. Dinheiro . Transações milionárias estão envolvidas. Especialmente para quem faz parte do G-40 do futebol nacional. Um conceito é fundamental: imagem.

O que você transmite ao mercado? Você é confiável ao mercado? Sabe lidar com a adversidade? Dou exemplo de dentro e fora do futebol. Independente do que rolar daqui para frente, o Magazine Luiza, por uma serie de providências tomadas, sai fortalecida como marca após a pandemia. A credibilidade está robusta.

Assim como o Bahia, com suas ações afirmativas a favor das minorias e o manejo em novas formas de arrecadação. Nos dois casos, nada foi por acaso. Teve planejamento, gente qualificada e cuidados para colher os frutos.

Pergunto: o curto circuito na relação com Marcus Vinícius colabora positivamente para a imagem do Guarani? Pensem: o Guarani entregou o seu estádio para acabar com as dividas trabalhistas e estas ainda aparecem. Isso é bom? Não, não é. Se os dirigentes bugrinos não pensam em tais conceitos, fica difícil aceitar de que eles são do ramo.

Outro ponto que não pode ser esquecido: gratidão. Não falo apenas de enaltecer o ser humano Marcus Vinicius Beck Lima, cordato, educado e que se esforçou para fazer o seu melhor. Falo de resultados que ele deixou favorável para a instituição.

Lima estava na campanha do acesso em 2016 na Série C e queiramos ou não, contratou muitos desses jogadores que hoje formam a base do técnico Thiago Carpini. Que aliás, chegou pelas mãos da dupla Fumagalli-Marcus Vinícius Beck Lima. Pagar em dia não é apenas um ato trabalhista. Não fica somente enquadrado na questão de cumprir a lei. É, antes de tudo, um ato de consideração da entidade para alguém que se dedicou e se esforçou. E que se recebesse um tratamento digno seria um porta voz da entidade e recomendaria para outros profissionais. E agora?

Nos últimos 20 anos, talvez o grande problema de todos (todos!) os dirigentes que passaram pelo Guarani é pelo fato de cometerem injustiças e não medirem as consequências. De tratarem os profissionais não como pessoas de carne e osso e sim como números frios.

Uma hora ou outra Marcus Vínicius receberá aquilo que tem direito. Com Justiça. Mas essa taça de cristal chamada credibilidade a diretoria  tratou de quebrar. O Guarani não precisa apenas de dinheiro e de estrutura. Precisa de alma.

(Elias Aredes Junior)