Especial: Ponte Preta e o machismo estrutural que sufoca a participação da mulher no cotidiano do clube

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Levantamento feito pela reportagem do Só Dérbi demonstra que a mulher tem espaço diminuto dentro da vida política da Ponte Preta. Ao se levar em conta os espaços designados na diretoria executiva, Conselho Fiscal e Conselho Deliberativo, dos 316 espaços reservados, apenas 14 assentos são ocupados por mulheres, o que representa 4,43% do total.

Se incluirmos as 17 mulheres que ocupam a suplência do Conselho Deliberativo e as outras duas que são potenciais substitutas dos Conselheiros Natos, a total de mulheres com voz, poder ou influência sobe para 33. O percentual fica em 10,44%. Como termo de comparação, basta dizer que no Congresso Nacional, o total de vagas ocupadas por deputadas e senadoras equivale a 15% do total de vagas.

Na diretoria executiva, a única mulher integrante é a Primeira Secretaria Graziele de Andrade Reginaldo.  Não há mulheres no Conselho Fiscal e entre os Conselheiros Natos a única titular é Carla Aparecida Silva Frediani.

Os números são frios e até de certa cruéis. Apesar do seu histórico emocionante de luta pela democracia racial no país, a estrutura de poder na Ponte Preta é machista. Concede pouquíssimos espaços para que as mulheres contribuam para o crescimento do clube.

Você pode alegar que as mulheres não são criadas para terem aptidão e conhecimento de futebol. Equívoco. Especialmente porque a educação tradicional, em que casais colocam tarefas estanques aos seus filhos ficou no passado. Não é mais incomum garotas fanáticas por futebol e com intenção de conhecer a modalidade mais e mais.

O que a Macaca deveria fazer?Instituir mecanismos para preparar mulheres para serem inseridas no dia a dia e assim abrir caminho para que uma mulher possa presidir no futuro(por que não?) o clube mais antigo em atividade no Brasil.

Ser uma agremiação centenária não dá autorização para hábitos tacanhos. Cultivar a memória de torcedoras símbolos como Donana e Conceição é salutar. Mas é preciso mais. As mulheres pedem passagem. E passou da hora dos homens entenderem que o futebol é para todos. Gênero não dá direito hereditário a ninguém.

(Elias Aredes Junior)