Guarani: Arthur Rezende e o mundo de faz de conta do futebol

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Arthur Rezende concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira e reafirmou a sua tese de que nunca ocorreu qualquer tipo de desavença no elenco bugrino durante as gestões de Thiago Carpini ou de Ricardo Catalá. “Quando os resultados não vem, vem coisas de fora. Há sempre conversas daqui e conversas dali. São coisas que, às vezes, não existem. A gente, ali dentro do vestiário, tem que se blindar”, afirmou o armador.

Em cada frase ou brecha aberta nas perguntas feitas pelos repórteres, Rezende enfatizou o clima de harmonia existente no grupo. “A minha relação com o Lucas (Abreu) e com todos do grupo é uma relação muito boa. Nós somos todos profissionais. Um respeita o outro. Ali dentro, está todo mundo defendendo não só o Guarani, mas o pão de cada dia e a família”, disse.

Deixo claro: não duvido das explicações de Arthur Rezende. Ele está no vestiário e sabe do que vive. Agora, de certa forma, não há como ignorar que o jogador de futebol, seja ele qual for, quer que a imprensa acredite em um mundo de faz de conta.

Ou seja, que não há conflitos, disputas, atitudes reprováveis ou desagradáveis. São estes ingredientes que fazem com que eles sejam essencialmente humanos e não robôs, que não sentem ou externam seus sentimentos.

Um treinador já me disse o seguinte: “Comandar time no gramado, ministrar treinamento e fazer escalação é fácil. Quero ver é administrar aquilo ali ó”, disse com o dedo apontado ao vestiário.

Então Arthur Rezende quer nos convencer que apenas e tão somente a mudança de metodologia de trabalho provocou as mudanças no Guarani? Que o estilo apaziguador e inclusivo de Felipe Conceição não teve influência na obtenção dos resultados? Que as noticias que vazavam a partir de pessoas próximas dos jogadores era tudo uma fantasia?

Lançado em 2004, o filme “Mulheres Perfeitas” mostra a personagem  Joanna (interpretada por Nicole Kidman) é uma executiva bem-sucedida que, após o fracasso de um reality show idealizado por ela, é demitida e para descansar o seu marido (Matthew Broderick) a leva para uma cidade do interior, Stepford, e ali nota uma estranha coincidência: todas as esposas do local obedecem com grande dedicação aos seus maridos, parecendo felizes com a situação. Joanna começa a investigar o caso e no final descobre (olha o spoiler!) que as esposas eram robôs. Por isso tinham sentimentos padronizados e não criavam conflitos.

Arthur Rezende, jogadores não são robôs.

(Elias Aredes Junior- foto: departamento de comunicação do Guarani)