Ponte Preta coloca-se contrária a cultura do estupro. Ótimo. Quando as mulheres terão voz e vez no clube?

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O caso de Mariana Ferrer comoveu o Brasil. A absolvição do seu algoz trouxe náusea e nojo para aqueles que desejam justiça. Ninguém engoliu a desculpa, o argumento de “estupro culposo”. Ou da justifica da ausência de provas. Abjeto. Repugnante.

Faltam palavras para definir. A Ponte Preta, mesmo que tardiamente, aderiu ao protesto pelas redes sociais e divulgou na terça-feira uma arte que condena a cultura do estupro. Ótimo. Valeu. Mas não pode ficar nisso.

Vou além: seria o passo inicial para uma reparação histórica . Que por enquanto na prática não tem um discurso de ampliação do espaço da mulher.

Diretoria executiva? Apenas uma integrante. Ao se levar em conta os espaços designados na diretoria executiva, Conselho Fiscal e Conselho Deliberativo, dos 316 espaços reservados, apenas 14 assentos são ocupados por mulheres, o que representa 4,43% do total.

Se incluirmos as 17 mulheres que ocupam a suplência do Conselho Deliberativo e as outras duas que são potenciais substitutas dos Conselheiros Natos, a total de mulheres com voz, poder ou influência sobe para 33. O percentual fica em 10,44%.

Como termo de comparação, basta dizer que no Congresso Nacional, o total de vagas ocupadas por deputadas e senadoras equivale a 15% do total de vagas. Pergunto: como a Ponte Preta enquanto instituição pode dizer que valoriza a mulher? Está muito longe do ideal.

O que dizer então da falta de atenção com o futebol feminino? Ficou em penúltimo lugar na Série A-1 do Campeonato Brasileiro e não colocou a disposição dos parceiros uma estrutura que possa ser chamada de tal. E informações que temos dão conta de que o convênio será desmanchado. Tentamos obter informação na Macaca desde o último sábado, mas antes do nosso banimento por parte da agremiação, nenhuma resposta foi encaminhada.

Colocar-se contra a cultura do estupro é um dever histórico de uma agremiação conhecida por sua democracia racial e inclusão social. Mas é preciso fazer mais pela mulher pontepretana. Muito mais. E os passos dados são tímidos, quase inexistentes. Que a luta contra a cultura do estupro e valorização da mulher não fique por uma arte nas redes sociais.

(Elias Aredes Junior)