Ponte Preta: vale a pena a Ponte Preta virar clube empresa? Vale uma reflexão? Leia e tire suas conclusões

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Reconheço: o tema é árido. No entanto, necessário. Nos últimos anos, os torcedores e associados da Ponte Preta são bombardeados com noticias e dados que pressionam para que o time vire clube-empresa. Tenha um dono e senhor de todas as decisões. Que não dê satisfação ao torcedor e seus sócios.

O argumento encaminhado é que com o clube-empresa, a gestão será profissional, os lucros serão robustos e vai se abrir caminho para a disputa de títulos e montagem de times competitivos.

Na teoria, tudo lindo e maravilhoso. Poderia citar casos e casos de clubes que viveram tal experiência e tiveram traumas profundos. Como o Belenenses, cujo ruptura com o controlador chegou a tal estágio que boa parte da torcida abandonou a agremiação sob o controle empresarial e iniciou do zero nas divisões inferiores de Portugal de modo “puro” e de acordo com as tradições da agremiação.  Ou posso citar a Ley de Desportes na Espanha, que não melhorou o nível de endividamento dos clubes que viraram empresas e deixou tudo na mão de poucos. Coincidência ou não, Real Madrid e Barcelona continuaram com seus modelos associativos. E ficaram ainda mais gigantes.

Não vou por esse prisma. Quero abordar o seguinte: o que o torcedor, o associado vai perder se o clube empresa prevalecer ? É preciso paciência e entender o conceito.

A Ponte Preta é um clube associativo sem fins lucrativos. Uma Associação Civil, de acordo com aquilo que está estipulado no artigo 53 do Código Civil. A PontePreta é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e cuja as pessoas estão reunidas em prol de um objetivo comum e  sem interesse de dividir resultados financeiros entre elas. Bom ressaltar que no modelo de associação sem fins lucrativos, toda a renda proveniente de suas atividades é revertida para o cumprimento dos seus objetivos estatutários.

É, antes de tudo uma administração comunitária. No clube empresa, tudo é feito para satisfazer um punhado de pessoas. Querem o lucro e mais nada.

Pela legislação vigente, clubes com a normatização jurídica da Ponte Preta não estão proibidas de realizar atividades geradoras de receita. Não perdem a categoria de associação mesmo que realize negócios para manter ou aumentar seu patrimônio. Claro, desde que isso não propicie lucro aos associados ou dirigentes.

Pode parecer algo truncado, mas o foco não pode ser perdido. A Ponte Preta não tem a função empresarial como seu DNA nascente. É, antes de tudo, um patrimônio da cidade de Campinas e que depende do esforço, debate, discussão e proposição de conselheiros e associados para avançar. Nasceu de um desejo comunitário e nunca jamais de um empresário que queira lucrar. Nada contra os empresários. Nem contra clube empresas. Mas em determinadas situações fica difícil encaixar este modelo.

As diretorias executivas nada mais são do que “zeladoras provisórias” daquilo que foi construído por muitos. Duro construir consenso? Concordo. O autoritarismo é uma chaga constantemente combatido? Não há dúvida. Só que são muitos que decidem o futuro de algo que é de todos. Transformar a Ponte Preta em Clube empresa é deixar na mão de um único controlador todo o poder de decisão e investimento de uma instituição popular e centenária. Vale a pena efetuar a troca? Pense e tire sua própria conclusão.

(Elias Aredes Junior)