Antes de qualquer análise uma prerrogativa fundamental: contratar ou demitir treinadores é algo de responsabilidade única e exclusiva de dirigentes.
Nós, jornalistas, temos o dever de acompanhar, analisar e mostrar ao torcedor o desenvolvimento do trabalho.
Se o trabalho está bom ou ruim.
Claro, dentro das regras de respeito e civilidade e sem arrogância e prepotência. Pedir cabeça de treinador ou indicar contratação de A ou B não é de bom tom.
Futebol é um espaço de aprendizado. Humildade deve ser exercida por todos. Dito isso, a contratação de Daniel Paulista pelo Guarani inclui uma dificuldade de saída: a conquista da confiança junto a torcida.
Não existiu por parte do Conselho de Administração qualquer rechaço a respeito das especulações sobre as tentativas sobre Jorginho ou Léo Condé. Eram nomes que agradavam a todos
Daniel Paulista, queira ou não, foi a opção C. A terceira tentativa. O profissional que virou prioridade porque não existiu avanço nos nomes anteriores. Infelizmente, aquela credibilidade usualmente destinada aos técnicos recém chegados fica arranhada.
O novo treinador, por sua vez, terá que administrar um espólio indigesto.
Allan Aal, o técnico anterior, não gozava de simpatia do torcedor bugrino.
Com Daniel Paulista, o quadro fica desconfortável se levarmos em conta que Ricardo Moisés disse em alto e bom na entrevista coletiva realizada na terça-feira que a meta era subir de patamar. Ou seja, brigar pelo acesso. Jorginho e Léo Condé, bem ou mal correspondiam ao perfil descrito.
Daniel Paulista, por sua vez, terá que ser paciente e didático para explicar ao torcedor que tem sim, capacidade de extrair o máximo do elenco e chegar as primeiras posições. Á primeira vista, o seu currículo tem como destaque o acesso na Série C de 2017 com o Confiança e as passagens pelo Sport, com altos e baixos. Dá para acreditar em acesso? O tempo dirá.
Um fato, porém deve ser destacado: certamente Daniel Paulista chega com tesão para trabalhar e triunfar, especialmente porque será sua primeira experiência no mercado do futebol paulista.
Em horas de pânico, só resta agarrar-se a todo fio desencapado que vê pela frente. E torcer para não morrer de choque elétrico. Ou de realidade.
(Elias Aredes Junior)