Estamos no final da década de 1970. O ano é 1980 (sim a década de 1980 começa em 1981).
O Brasil fervilhava politicamente.
A economia em frangalhos.
No dia 29 de janeiro, fiscais da Sunab descobrem 17.600 toneladas de feijão preto escondido por empresários e agricultores que queriam pressionar por aumento do produto por intermédio da escassez nas prateleiras.
A abertura política promovia a abertura para os partidos e a instalação plena da democracia após os traumas da ditadura militar.
Preocupação: combater a crise econômica e a desigualdade de renda. Em 1979, o índice inflacionário alcançou 77,25%.
No noticiário internacional, o governo dos Estados Unidos, na reta final do mandato de Jimmy Carter, alertava de que uma guerra nuclear poderia acontecer até 1985.
E o futebol? Era entretenimento e espaço para manifestações políticas, como o pedido pela anistia, promulgada em 28 de agosto de 1979. Era o lugar para o talento. Neste quesito Ponte Preta e Guarani eram protagonistas. Um dos sete gigantes, ao lado de Portuguesa, Santos e o trio de ferro (Palmeiras, Santos e Corinthians).
Guarani e Ponte Preta entraram em campo no dia 30 de janeiro de 1980 para disputar o dérbi no estádio Brinco de Ouro. Valia uma vaga para a final do Paulistão-1979.
No primeiro jogo, a vitória da Macaca foi por 2 a 1, com dois gols de Osvaldo. Nos 90 minutos decisivos, o Guarani precisava vencer para provocar uma prorrogação e vencer no tempo extra para chegar a decisão. Para a Macaca, bastava um empate.
Jogo cercado de expectativa. Até pela campanha nas fases anteriores do Paulistão. A melhor campanha era do Palmeiras com 61 pontos, seguido do Corinthians com 54 pontos enquanto que o Guarani era o terceiro com 52 pontos e a Macaca com 47 pontos.
Fato interessante é que o árbitro da partida, realizada em uma quarta-feira, só foi indicado às 18h, do dia do jogo. O escolhido foi José de Assis Aragão.
Quando a bola rolou, a tensão prevaleceu.
Partida aguerrida e disputada.
A definição ocorreu aos 26 minutos do segundo tempo, quando Osvaldo marcou para a Ponte Preta e carimbou a classificação. Ato imediato, torcedores do Guarani, revoltados com o revés no gramado, tentaram invadir as cabines de rádio para tentar agredir jornalistas.
Não houve reversão.
A Ponte Preta comemorou a classificação e foi para a decisão contra o Corinthians, comandado por um certo Sócrates, que depois se transformaria em um dos principais personagens da sociedade brasileira. A Macaca, por sua vez, era a representante de uma Campinas que não era moderna apenas por causa de universidades de ponta, como Unicamp e Puc-Campinas (na época Puc-Campinas) mas também por um futebol que estava a frente do seu tempo.
(Elias Aredes Junior)
FICHA TÉCNICA
GUARANI – Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon (Marinho); Capitão, Miltão (Vicente) e Bozó. Técnico: Cláudio Garcia.
AAPP – Carlos, Toninho, Juninho (Eugênio), Nenê e Odirlei; Wanderley, Marco Aurélio e Dicá (Humberto); Lúcio, Osvaldo e João Paulo. Técnico: José Duarte.
Gol: Osvaldo aos 26 minutos do primeiro tempo
Local: Brinco de Ouro da Princesa – Campinas
Data: 30/01/1980 (Quarta-feira)
Horário: 21:00 h
Árbitro: José de Assis Aragão
Renda: Cr$ 1.511.250,00
Público: 34.222 (30.552 pagantes e 3.670 menores)