Futebol Campineiro e a necessidade de colocar os pés na realidade

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Não é incomum que torcedores de ponte preta e Guarani sempre façam a mesma pergunta: e a contratação de impacto?

Qual craque será arregimentado? O tempo está passando e ninguém de destaque foi contratado.

É o discurso reinante nas Redes Sociais e nas arquibancadas.

Quando existe a troca de treinador, não é incomum que torcedores do Guarani peçam treinadores fora do alcance do poderio financeiro da agremiação. Outro dia, um simpático torcedor insistiu que o Alviverde deveria tentar a contratação de Wanderley Luxemburgo. Se levarmos em conta que a agremiação consegue pagar quantias a Comissão Técnica que não ultrapassam a quantia de R$ 120 mil mensais, daí você mede o tamanho da loucura.

 A Ponte Preta não está isenta de ser seduzida pelo canto de sereia.

A cada troca de treinador, por exemplo, não são poucos aqueles que estão loucos pelo retorno de Abel Braga, atualmente no Fluminense.

Nome de grife não ganha jogo e nem garante título.

E o torcedor pontepretano aprendeu tal conceito da maneira mais doida quando viu Dedé ser protagonistas de erros que proporcionaram um empate indesejado contra a Internacional de Limeira e uma derrota amarga para o Água Santa. Sim, Dedé participou de maneira decisiva para o rebaixamento. Foi involuntário, mas foi decisivo.

Também poderia citar o ano de 2017, quando a diretoria de ocasião contratou astros do porte de Renato Cajá e Emerson Sheik e a consequência nefasta foi o rebaixamento.

 Por que tanto bugrinos como pontepretanos não se convencem de que veteranos ou astros de renome não dão resultados? Muito simples: por que não reconhecem o lugar de suas equipes dentro da geografia do futebol brasileiro.

 Sem pestanejar: Ponte Preta e Guarani são clubes do segundo pelotão do futebol brasileiro e com estruturas e procedimentos adequados para, no máximo, uma Série B do Campeonato Brasileiro. São times com poucos recursos e cuja as cotas de televisão não são maiores por um único motivo: são times que geram atração, no máximo, em âmbito regional e dificilmente estadual. É a realidade. Sem tirar nem por.

 Ou vocês acham que as estruturas das equipes campineiras encontram-se a altura de fortaleza, ceará, Red Bull Bragantino e até do Criciúma? Não, não dá para competir.

 São clubes que deveriam investir pesadamente nas categorias de base. Construir alojamentos aos garotos de primeiro mundo para que com isso possam atrair jogadores de qualquer técnica aceitável. Não é isso que acontecem.

No Guarani, qual o ultimo jogador de excelência revelado, que tenha padrão de seleção brasileira?

 Na Ponte Preta, o caminho foi ainda mais amargo. Existia um trabalho, uma linha de conduta construída por Rodrigo Leitão e que o técnico Leandro Zago como seus artificies. Revelou gente do naipe de Abner e Emerson Royal.

O que fizeram? Tiraram as pessoas responsáveis e destruíram o processo. E hoje somos obrigados a presenciar o presidente Marco Antonio Eberlin dizer, com razão, que uma nova fornada de bons atletas só pode ser revelado pela Ponte Preta em quatro ou cinco anos. Se o trabalho começar agora.

 E porque isso não é colocado em frente? Porque o trabalho não tem aceleração? Conformidade com a mediocridade. E quando digo medíocre é desempenho médio, o significado literal da palavra.

E tal conformidade foi construida por intermédio de duas pernas: a mudança de foco da imprensa esportiva e a ausência de quadros nos clubes de Campinas. Quanto a imprensa esportiva não há o que esconder: a maioria abraçou o entretenimento e dane-se o jornalismo. Infelizmente.

Sim, não se revelam mais dirigentes. Já afirmamos isso por aqui. Paramos no tempo. Na Ponte Preta, a esperança foi construída em cima de um dirigente que tinha saído em 2006 e que no seu retorno tomou um baque tremendo. E no Guarani eu diria que o cenário é o mais perigoso. Porque querem vender nota 05 como se fosse nota 10.

 Sim, Ricardo Moisés é o melhor presidente que já passou no Brinco de Ouro nos ultimos anos. Mas o termo de comparação é muito raso, baixo, rasteiro. É como se um professor afirmasse que um determinado aluno foi bem na prova em comparação ao companheiro que tirou zero. Mas o aluno tirou 4,5. Ou 5,0. Deve melhorar da mesma forma.

 Ideias, projetos e conceitos. Guarani e Ponte Preta começam neste final de semana a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Podem surpreender? Brigar pelo acesso. Até podem. Desde que fiquem os pés na realidade e saibam que ainda precisam caminhar muito até o padrão de excelência. Fincar os pés na realidade e com a verdade é o craque que o futebol campineiro precisa. Para ontem

(foto-Divulgação-CBF)