Futebol campineiro e a condenação de ser coadjuvante (eterno?) na Série B do Campeonato Brasileiro

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A Série B do Campeonato Brasileiro encaminha-se para o seu final. A dupla campineira está aliviada por livrar-se do perigo do rebaixamento. Tal sentimento legitimo não pode tirar o foco do torcedor campineiro.

Pelo contrário.

Acho que chegou o momento de analisarmos qual o real tamanho das duas equipes no cenário do futebol brasileiro. O que elas podem almejar? Vou além: qual a força das duas juntas? Sim, porque a rivalidade é uma especie de correia de transmissão. A qualidade de um alavanca o outro.

Peguemos exemplos das rivalidades mais latentes. Em 2013, o torcedor do Cruzeiro celebrou a conquista do Campeonato Brasileiro, mas meses antes o Atlético Mineiro conquistou a Copa Libertadores da América. A rivalidade grenal não fica atrás. A conquista da Libertadores por parte do Grêmio em 2017 fez com que o Internacional saisse da Série B em 2017 e logo no ano seguinte disputasse a final da Copa do Brasil, perdida para o Athético-PR.

E o que mostra o raio-x do futebol local?

Somos miseravelmente medianos. Não podemos ambicionar acessos e estamos condenados a viver na luta contra o rebaixamento. Independente de presidentes, executivos de futebol ou de jogadores. Já é uma cultura enraizada. Perceba: desde que começaram a disputarem conjuntamente a Série B, o que vemos são duas equipes próximas, com metas comuns e cuja pontuação final nunca superou os 11 pontos.

Em 2018, a distância final foi de seis pontos, com 60 pontos para a Ponte Preta e 54 para o Guarani; no ano seguinte, a distância ficou em apenas três pontos, quando a Macaca somou 47 pontos e o Guarani ficou com 44; em 2020, em uma divisão jogada sob o signo da pandemia, a Ponte Preta ficou com 57 pontos enquanto que o eterno rival ficou com 48 pontos. Ou seja, nove pontos de diferença. No ano passado, o Alviverde sob o comando de Daniel Paulista teve 60 pontos e Ponte Preta de Gilson Kleina ficou com 49 pontos, a maior diferença entre as duas equipes neste histórico de Série B.

Neste ano, a duas rodadas do final, o Guarani está com 47 pontos e a Macaca acumula 45 pontos e com dois pontos separando um e outro.

Faça uma retrospectiva: quando os dois times fizeram uma campanha linear, de 38 rodadas em que os dois brigaram pelo acesso da primeira a última rodada? Não teve.

A impressão que fica é a vocação de Campinas para ser uma roleta da bola. Uma hora um time leva e encaixa uma campanha melhor; em outro momento, as contratações viram um tiro no pé e a limitação entra em campo. O que custa montar um trabalho bem feito e com começo meio e fim? O que custa definir uma política de contratações que viabilize elencos competitivos e que faça o futebol campineiro brigar no topo?

Confesso, no entanto, que encontro-me um pouco mais otimista para 2023. Na Ponte Preta, após o rebaixamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista foi um baque e tanto para a nova diretoria executiva sob o comando de Marco Antonio Eberlin. Nada como uma derrota para pavimentar novas vitórias. No segundo turno da Série B, tanto o presidente pontepretano como o técnico Hélio dos Anjos encontraram um perfil técnico para a equipe e que será sustentado para 2023.

No Guarani, existe uma divisória. A chegada de Rodrigo Pastana para Superintendente Executivo de Futebol e de Mozart para treinador um novo perfil foi desenhado, em que o vigor físico, a velocidade e a compactação deram as caras. Deu certo. As oito vitórias em 11 jogos é a comprovação da eficiência.

Que a temporada seguinte seja a quebra de um padrão afundado na mediocridade. O pontepretano não aguenta mais ver a festa dos outros. O torcedor bugrino não quer mais ser coadjuvante.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)