Análise: na Ponte Preta, bom futebol só aparece em metade do tempo. Isso é normal?

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Você já chegou atrasado no cinema ou no teatro? Trânsito confuso, atrasos e contratempos em casa e pimba: vai para o ralo uma parte da história. Não são os raros os instantes que somos avisados de que não perdemos nada de interessante ou que o clímax da história ficou para trás. Independente do seu gosto artístico, você deve admitir que viver estes lapsos da vida é um belo treinamento para assistir a qualquer jogo da Ponte Preta na Série B.

As entrevistas coletivas de Nelsinho Baptista invariavelmente longe de Campinas tem o mesmo roteiro: ele diz que o time vacilou na etapa inicial, tomou um gol inaceitável e depois conseguiu reagir. Em algumas oportunidades, o final é feliz, como diante do Santos. Em outros reina a infelicidade, como diante do líder da Série B.

Penso: já imaginou se todo dia que chegasse ao serviço, sua produtividade aparecesse apenas após o almoço? Que sua participação pela manhã fosse cheia de trapalhadas, lapsos e deslizes? Não seria difícil imaginar que o Departamento de Recursos Humanos lhe convocasse para exigir explicações.

Jogador de futebol é a única profissão do mundo em que algo semelhante ocorre no seu local de trabalho e, ao invés de cobranças, recebe afagos. Assim fica fácil.

(Elias Aredes Junior-Com foto de Higor Basso-Novorizontino)