A Ponte Preta está concentrada em Itu a espera de seu técnico. Ou para começar o trabalho com Edson Boaro. Uma das novidades que mexeu com a torcida nas redes sociais e nos grupos de aplicativos de mensagens foi a inclusão de Luis Haquin na delegação. Integrante da Seleção Boliviana, o atleta virou o xodó do torcedor nos últimos meses. Os erros sucessivos dos outros beques pontepretanos transformaram Haquin em algo que ele não é.
Ou seja, um zagueiro que vai se transformar na solução de todos os problemas. Invariavelmente, o argumento é esse: “poxa, já que os outros erraram deixa ele errar também”. Sinceramente, não consigo entender tal argumento. É como se fosse pedido para ocorrer uma troca de vilão com o filme em andamento.
Não me comovo. Pode até ser guindado a titular e fazer partidas que vão fazer o torcedor dizer: “Não falei!? Ele arrebentou. Pior do que está não fica”. Considero que esse é um pensamento superficial que não demonstra a dimensão do problema.
Pegue de novo a lista: Edson, Sérgio Raphael, Nilson Junior, Matheus Silva, Luis Haquin, Joilson e Thiago Oliveira. Excetuando-se o último citado que entrou em boas condições em 2022 e após uma lesão nunca mais se encontrou, os outros zagueiros têm características muito parecidas: altos, lentos e dotados de força física.
Não consigo enxergar nenhum zagueiro técnico ou veloz, capaz de qualificar a saída de bola. Isso não é problema dos escolhidos. Nada disso. Esse quadro escancara o perfil desejado pela direção do clube. Leia-se: Marco Antonio Eberlin. Que ninguém se iluda: se Eberlin tivesse um orçamento de R$ 200 milhões na mão, a decisão seria a de contratar jogadores de melhor qualidade, mas com idêntica característica. É, antes de tudo, a sua visão de futebol. É aquilo que ele acredita.
Não adianta depositar esperança em Haquin ou em qualquer beque da Ponte Preta. Sem uma mudança de visão, o sufoco permanecerá.
(Elias Aredes Junior-Foto de Marcos Ribolli-Pontepress)