O Guarani precisa de talento e da fé da torcida para não sucumbir; Se você recusa a corrente, fique em casa!

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Eu sou de tempos antigos. Aprecio seriados do passado. Para meus artigos sempre apreciei o Dr House, transmitido pela CBS por muitos anos nos Estados Unidos. A premissa era simples. Um médico irascível, com claras dificuldades de convivência social, ele era conhecidos por seus diagnósticos duros, porém precisos. Sem rodeios. Se ali na frente ocorresse a cura, melhor. Ótimo. Pelo menos o paciente lutaria com suas armas, sem ilusões.

Não vou rodear: a segunda posição do Guarani no Grupo C da Série C é ilusória. A possibilidade de perda da vaga no jogo contra o Náutico, sábado, às 17 horas, não pode ser desprezada. E digo isso sem desmentir todas as minhas análises anteriores. O trio formado por Elano, Matheus Costa e Farnei Coelho empreendeu uma reação espetacular na reta final da Série C. A equipe melhorou. É fato. Tanto que saiu de uma derrota no Dérbi, em casa, para dois triunfos diante de Náutico e Brusque. Mas a derrota em Brusque acende o alerta de que os defeitos podem suplantar as virtudes dessa equipe.

O gramado sintético atrapalha? Muito. A arbitragem foi prejudicial? Com certeza. Mas é difícil acreditar em queda de produção técnica tão vertiginosa de uma partida para outra. E com tempo para treinar.

Agora, você me permite torcedor bugrino, assim como Doctor House encaminhar um diagnóstico frio: o elenco é frouxo emocionalmente. Em diversas ocasiões, simplesmente não tem tutano para superar adversidades. A derrota para o Brusque abre uma janela com vista nada agradável.

Como acreditar em um time que em sua primeira prova de fogo, em um Dérbi, foi engolido pelo adversário e não teve capacidade de reação quase a zero? Ah, mas venceu dois jogos. Agora o papo é outro. Estamos falando de uma partida cuja carga emocional é muito próxima de um Dérbi. Uma equipe que perdeu 13 dos 17 pontos que disputou em seus domínios na fase inicial. Que não terá o seu principal atacante, essencial para levar o time a classificação. Para completar, do outro lado estará Hélio dos Anjos, uma raposa em campeonatos de divisão. Enquanto isso, o competente e estudioso Matheus Costa terá que fugir das armadilhas do treinador adversário e de quebra controlar os nervos de um elenco que demonstra incapacidade de reagir nos grandes jogos. Se House estivesse diante deste paciente, ele diria: é morte na certa? Não tem jeito.

Mas nem toda sentença de morte é definitiva. Remédios podem produzir reações aguardadas e o paciente ressurgir das cinzas. Sim, não ficarei surpreso se o Náutico assumir a vice-liderança por volta das 19h do próximo sábado.

Existe uma luz no fim do túnel e atende pelo nome de torcida do Guarani do Futebol Clube. Um amigo querido, em que estudei na Puc-Campinas, disse algo precioso: torcida boa é aquela que faz o cabeça de bagre acreditar que é craque. E transforma a teoria em prática.

Nunca, jamais nesta temporada, a tarefa da torcida foi tão importante como no sábado. O incentivo, o grito, a palavra positiva será essencial para transformar 11 candidatos a pacatos em gato guerreiros. Gritos que devem ecoar da arquibancada para que esses jogadores ocos em duelos decisivos recebam o conteúdo de talento necessários para vencer uma partida essencial.

E vou fazer um pedido. Que o grito, os cânticos, os incentivos, sejam conduzidos pelas torcidas organizadas. E pelos torcedores pobres. Você torcedor bugrino de classe média alta, rico, burguês, que encara o Brinco de Ouro como um Shopping Center e tem um comportamento de cliente na arquibancada e só pensa em reclamar e xingar, siga esta dica: fique em casa. Ou melhor, nem assista ao jogo. Abra espaço para quem acredita. Para quem tem fé. Para quem vai fazer a diferença. Aliás, vou além. Nesta semana, se sua decisão for a de cornetar os jogadores em aplicativos de mensagem, faça um detox. Desligue-se. Sua carga negativa não é bem vinda.

É preciso entender a conjuntura, a necessidade do clube e o momento. O Guarani precisa agora daqueles que querem caminhar, de quem deseja fazer a diferença com seu grito e incentivo. Uma vitória e o Náutico será despachado. Com esse time, de maneira nua e crua, não vai dar. Com a torcida em sintonia, é possível chegar até no pico do Everest. Basta acreditar.

(Elias Aredes Junior)