A Arena Ponte Preta e o delírio de quem não sabe o significado do Majestoso. Por Fernando Vieira

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Por entre as casas de um bairro tradicional de Campinas uma majestade se destaca. Imponente, grandioso e verdadeiramente MAJESTOSO.

O magia de um local tão especial pode até passar despercebida pelos olhares monótonos dos transeuntes que não são pontepretanos. Nunca deixará de arrepiar a pele dos que fitam no horizonte a sua grandiosa fachada esculpida pelas mãos de nossos antepassados.

Em dias comuns, mistério. Em dias de jogo, magia.

A história de um time de futebol centenário e sua torcida fanática se misturam a tijolos e concreto de maneira única e. Nunca irão se separar.

Prova disso está em um vídeo que circula pelas redes sociais onde um torcedor, vestindo a camisa com a tradicional faixa no peito, degusta um vinho no grandioso Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid, na Espanha e debocha:

“Bacana… Ambiente agradável, mas não é o melhor estádio que já fui.

Em Campinas tem o Moisés Lucarelli, conhecido como Majestoso, que eu acho mais aconchegante’.

Ainda sobrou tempo para falar sobre a tradicional “pipoca amanhecida”, que de acordo com o torcedor, não se encontra em qualquer lugar.

Todo pontepretano que se preze já degustou dessa iguaria.

Sabemos que nossa casa não é maior, nem mais bonita e nem mais requintada que o estádio do Real Madrid. Mas quem sabe o valor que ali se encontra, nunca o trocaria por nada nesse mundo.

Entendeu um pouco sobre a importância que se esconde sob o concreto das arquibancadas do Moisés Lucarelli?

No lugar de restaurantes gourmets, pastéis gordurosos. No lugar de vinhos caros, guaraná Poty. Que aliás, insistem em vender a R$ 5 reais o copo, quase que desdenhando da vontade de comparecer aos jogos de uma torcida que a tempos já está cansada.

E então, surgem novamente os boatos sobre uma suposta arena, com a desculpa de que a construção da mesma trará mais conforto para a torcida, trazendo-a de volta aos jogos da macaca.

Pura fantasia.

Se a razão é trazer o torcedor de volta ao estádio, minha resposta está no jogo que irá ocorrer nessa sexta-feira, onde a torcida provavelmente vai estar presente em massa.

Doa a quem doer, a maioria dos torcedores vão estar presentes quando a fase é boa.

Quer  torcedores no estádio? Apresente times competitivos.

Se a razão é fornecer maior conforto, qual seria a explicação para a pouca exploração de vendas de produtos oficiais e alimentícios em dia de jogo?

Não me refiro a uma hamburgueria gourmet, mas sim a melhor utilização dos espaços disponíveis no estádio para a comercialização de alimentos diferenciados, sem sacanear no preço, como tem sido feito.

Será que o que a torcida da Ponte Preta deseja mesmo são acentos numerados devidamente enfileirados em uma arena de ultima geração?

Ou não seria o tão sonhado titulo, nos tirado em diversas ocasiões, hora por má sorte, hora por má gestão?

Não adianta tapar o sol com a peneira. Fingir não enxergar aquilo que está em frente ao nariz. Estamos falando de um time de futebol, e como qualquer time de futebol, os problemas devem se resolver na bola.

Não estou dizendo que não desejaria que a Macaca crescesse no aspecto de estrutura. Estou dizendo que antes de uma arena, vem um centro de treinamento de última geração, vem alojamentos para a categoria de base, vem um departamento médico com infraestrutura para recuperar os nossos atletas sem que tenhamos que cede-los a times da capital a preço de banana para que façam os tratamentos (como aconteceu essa semana) e vem um time competitivo e vencedor, que através do futebol aproxima patrocinadores e parceiros.

Estou falando de um time com a saúde financeira em dia. Ou vamos ignorar as declarações dos jogadores reclamando de salários atrasados em pleno campeonato da série B?

Isso tudo, sem contar o impacto que uma arena teria na saúde financeira do time.

Os gastos iriam aumentar, o que consequentemente refletiria nos preços dos ingressos, que por sua parte, refletiria na quantidade de torcedores presentes nos jogos.

Não é difícil de entender.

Pé no chão e respeito com a nossa história. É tudo que pedimos.

Quem nasceu no concreto das arquibancadas do Moisés Lucarelli sabe do que estou falando.

(artigo de autoria do redator publicitário- Fernando Vieira- Especial para o Só Derbi)