Algumas providências não são tão simples como parecem. Um toque de mágica e tudo é resolvido? Nem tanto. Por falta de diálogo e de conversa, a diretoria executiva da Ponte Preta não explicitou ao torcedor a conjuntura que levou João Brigatti a ser o comandante do banco de reservas. Consequência: um espiral de paciência é criado e a frustração é imediata.
De 2015 a 2017, a Macaca disputou a divisão de elite do futebol brasileiro. Com profissionais com um currículo, no mínimo, decente: Guto Ferreira, Doriva, Eduardo Baptista, Gilson Kleina… Gente com estrada no futebol e que não sai de casa por um tostão. A questão financeira pesa. Nenhum desses profissionais saíram de casa por menos de R$ 150 mil ou, em alguns casos, R$ 200 mil mensais para dividir entre ele e sua comissão técnica de plantão. A Alvinegra cumpriu o cronograma. Por que? Porque tinha dinheiro. Não era muito. Mas tinha.
Vanderlei Pereira e Gustavo Bueno erraram na montagem do time e o rebaixamento aconteceu. Qual foi a consequência prática? O dinheiro mingou. De uma cota de R$ 32 milhões no Brasileirão caiu para R$ 6 milhões. Fato. Amargo.
Na largada, deu para tocar o barco porque Eduardo Baptista topou uma redução de ganhos. Ele saiu? Pega-se um treinador que agora estava em baixa no mercado, Doriva.
Demitiu? Pois é. Agora, a diretoria pontepretana, por única culpa dela, não tinha dinheiro suficiente para buscar um profissional à altura das tradições da Macaca.
Convenhamos: a torcida da Ponte Preta (com boa dose de razão!) não aceitaria qualquer nome. Teria recusado se um profissional de médio escalão fosse contratado para ganhar R$ 50 ou 60 mil por mês. Ou seja, a diretoria meteu-se em uma armadilha. Quem criou? Ela mesma.
Por que Brigatti é uma mão na roda? Primeiro porque deve custar pouco.
Em segundo lugar, porque a uma parte da torcida vai perdoar seus erros. Sua identificação, queiramos ou não, produz uma blindagem indireta à diretoria. Como Sérgio Carnielli também se recusa a fazer aporte financeiro, o quadro fica restritivo.
A verdade é que a diretoria da Ponte Preta tem hoje um orçamento de classe C e não avisou aos habitantes da casa (leia-se torcida!) que alguns costumes de classe B devem ser deixados de lado. Com tamanha falta de comunicação não há Cristo que dê jeito. É torcer para dar certo.
(análise feita por Elias Aredes Junior)