Análise: DNA Pontepretano lança manifesto e confirma participação nas eleições. Quais perguntas devem ser respondidas?

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Em uma carta enviada para torcedores e formadores de opinião, o grupo “DNA Pontepretano” lançou-se oficialmente para o processo eleitoral da Ponte Preta, marcado para novembro.

A carta é assinada pelos coordenadores Giovanni Di Marzio, Eduardo Lacerda e João Carlos Cunha. O grupo tem o apoio do presidente de honra, Sérgio Carnielli. O grupo Movimento Renascer Pontepretano, que será a outra chapa no pleito, por sua vez, iniciou anteriormente o trabalho político e eleitoral com a realização pesquisas junto aos torcedores da Macaca. Meta? Conhecer as demandas para o próximo ano. A promessa é que nos próximos dias seja anunciado aos coordenadores do grupo para o processo eleitoral.

Assim como o MRP, o “DNA Pontepretano” têm desafios pela frente. Vamos trata-los a partir deste instante.

Para começo de conversa, é de se esperar qual o posicionamento dos integrantes grupo político defendido por Sérgio Carnielli em relação ao conceito de liberdade de imprensa.

A cobrança não é á toa. Correligionários do grupo DNA Pontepretano tem sua trajetória marcada na Macaca por uma relação conflituosa com a imprensa com desejo de ser critica. Alguns infelizmente com o histórico de apreciar veiculos de comunicação chapa branca. O que é péssimo.

Basta relembrar que o ex-presidente Vanderlei Pereira, que, segundo informações de bastidores, apoia a chapa, poucas vezes esteve disponível para entrevistas coletivas ou conversas exclusivas com veículos de comunicação.

Caso vença, o procedimento será diferente? Esses novos dirigentes vão entender o papel da imprensa? Vão aparecer sempre para prestar contas? Ou vão apelar a estratégias presentes até em governos de extrema-direita e de extrema esquerda espalhados pelo mundo, como o bloqueio e acesso a informação. Liberdade de imprensa é item inegociável. E os coordenadores da chapa precisam ser claros nesta resposta.

O ano de 2017 não pode ser ignorado. Parte do grupo “DNA Pontepretano” era integrante da diretoria executiva e da base de apoio que concedeu respaldo a Vanderlei Pereira, que, mesmo com o maior orçamento da história do clube, foi rebaixado.

Pior: com o registro de ações trabalhistas contra a Ponte Preta. Não é ilação. É fato. Pergunto: como será tratado o tema? Com a devida postura de culpa assumida e posterior compromisso de novos tempos ou vai se colocar tudo para debaixo do tapete? Isso deve e precisa ser respondido de modo assertivo e claro.

O principal questionamento, no entanto, não tem relação com o plantoo de governo ou designação de quem vai dirigir o clube. Direto e reto: a chapa terá conotação popular? Vai prestar atenção na maior parte da torcida, que é pobre, sem poder aquisitivo e residente nas periferias?

Não falo isso á toa. Nos bastidores, a chapa DNA Pontepretano celebra o fato de contar com empresários bem sucedidos e pessoas bem realizadas sob o ponto de vista financeiro. Ótimo. Se vivêssemos em qualquer outro país, poderia dizer que seria um trunfo e tanto.

Só que vivemos no Brasil, em que infelizmente parcela relevante do empresariado e dos profissionais liberais tem pouca ou nenhuma empatia com as causas populares. Poucos são aqueles com preocupação cidadã ou que reconhecem o fato de encontrarmos em um país carente, pobre, sem poder aquisitivo.

O futebol reflete este quadro. Estão cientes disso? Querem abrir as portas ao torcedor mais pobre? Ou a Macaca vai partir para uma elitização sem fim? Espera-se que a resposta apareça durante o processo eleitoral.

Você pode considerar que são perguntas descabidas. Não acho. A partir desta análise podemos verificar aquilo que pode fazer o grupo apoiado por Carnielli a partir de janeiro de 2022.

(Elias Aredes Junior- foto de Alvaro Jr-Pontepress)