Análise Especial: querem tirar Abdalla do poder. E Carnielli? Vai virar de novo (erroneamente) o mocinho da história?

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Quem olha superficialmente para a situação política da Ponte Preta pode condenar sem remorsos o atual presidente José Armando Abdalla Júnior. Resultados pífios no gramado, troca sucessivas de treinadores, contratações equivocadas para a montagem do elenco e a incapacidade de dialogar com o grupo político comandado pelo presidente de honra Sérgio Carnielli. Neste contexto, defender a sua saída é algo até confortável. Isso se a pessoa não tiver disposição de olhar a situação além do lugar comum.

Abdalla errou? Sim. Cometeu equívocos? Não há dúvidas. Sua gestão é decepcionante? Concordo. Mas isto não é motivo para retirá-lo do cargo ou inviabilizar sua administração.

Em primeiro lugar porque ele foi acionado em uma situação de emergência. Com a desistência de Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli foi incapaz de forjar e pensar em novas lideranças que pudessem conduzir o barco. Não podemos esquecer que uma operação atrapalhada foi feita para que Gustavo Valio pudesse no futuro ou imediatamente assumir. Não deu certo.

Abdalla, queiramos ou não, estava em sua casa, numa boa, sem pensar em exercer qualquer cargo executivo. Foi a incapacidade política da dupla Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira que colocou Abdalla na cadeira presente no gabinete do estádio Moisés Lucarelli.

Vou além: se existe esta ânsia de fiscalização com Abdalla (o que não deixa de ter seu lado positivo) por que idêntica volúpia não foi aplicada nos 10 anos em que Sérgio Carnielli esteve como titular da cadeira de presidente? E mais: se Abdalla erra administrativamente em aplicar de maneira errônea os R$ 30 milhões arrecadados com a venda de jogadores, o que dizer então de Vanderlei Pereira, que, com 70 milhões na mão na temporada de 2017, foi incapaz de tirar a Macaca do destino do rebaixamento? Pense, pondere e veja que esta novela não tem mocinhos.

Qualquer torcedor minimamente informado sabe que Carnielli quando esteve no poder jamais foi contestado, fiscalizado e inquirido por suas ações e atitudes. Foi considerado um “Deus” pela totalidade da torcida, imprensa e conselheiros.

Se ele gozou de tal prerrogativa, por que agora autoriza que atitude contrária seja tomada contra alguém que nunca, jamais declarou ou lutou pelo cargo de presidente?

O fato é que presidente de honra da Ponte Preta, apesar de seus inúmeros serviços prestados, goza de um triste defeito: não sabe ouvir, não gosta de ser contrariado e, infelizmente, tem pouco apreço pelo debate da opinião pública. Basta verificar a escassez de suas entrevistas para veículos de comunicação.

Deveria entender que a democracia é, antes de tudo, a convivência entre os diferentes. Mesmo quando fazem parte de idêntico grupo político.

Pensar na Ponte Preta seria, neste momento, sentar na mesa com José Armando Abdalla Júnior e ouvir os motivos que levaram a tomar as decisões que tomou. E se todos consideram equivocadas que ocorra a busca do entendimento pelo bem da Ponte Preta.

Na atualidade, o que deseja Sérgio Carnielli e seu grupo político é apenas colocar gasolina no fogo. Sem querer, vão incinerar o próprio clube, o que seria uma tragédia.

(análise feita por Elias Aredes Junior)