Análise Ponte Preta: João Brigatti e a incapacidade de saber ganhar

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No dia 17 de julho de 1994, o técnico Carlos Alberto Parreira entrou com ar vitorioso na coletiva de imprensa após a Seleção Brasileira vencer a Itália nos pênaltis. Era o final de uma jornada permeada de críticas, desconfianças e reparos ao seu time. Nunca um técnico foi tão massacrado. Começa a sabatina e ele é inquirido a dizer qual resposta que daria aos seus detratores. Resposta certeira. “Não tenho que responder nada. Eu sou campeão do mundo”. Declaração de um cavaleiro, de uma pessoa centrada e que ciente da pressão inerente ao cargo.

Recordo esta cena e lembro de João Brigatti, o técnico interino da Ponte Preta. Ao contrário de Parreira, Brigatti não sabe ganhar. Duro, mas não há outra conclusão.

A Ponte Preta vence o Figueirense por 2 a 0. Faz uma partida consistente, bem posicionada e com contra-ataques letais. Amassa o oponente no seu próprio campo na etapa inicial e usa o desespero alheio para ampliar a vantagem nos 45 minutos decisivos. Qual seria a atitude natural? Colocar os jogadores para cima, vislumbrar o confronto diante do Fortaleza com otimismo e explicar o que fazer para lutar pelo acesso.

Nada disso. Após o questionamento do repórter Antônio Luppi, da Rádio Bandeirantes, o técnico desanda a atacar quem “ousou” criticar o rendimento de uma equipe com aproveitamento de 27,7% em casa. Não escapou ninguém: dirigentes, imprensa e qualquer um que seja do “contra”.

É o caso de perguntar: o que Brigatti deseja? Amordaçar quem tem opinião contrária? Constranger o torcedor que tem o legitimo direito de pensar aquilo que bem entende do seu time? Criar um clima alienante e com isso auxiliar a esconder os problemas de uma agremiação hoje próxima da zona de classificação, é verdade, mas que já flertou com o rebaixamento?

Diga-se a verdade: Brigatti só tem tal comportamento porque o futebol brasileiro trata de modo infantilizado atletas e os envolvidos no mundo da bola. Quem adota uma postura mais adulta, crítica e reflexiva é discriminado.

Sinto dizer ao Brigatti, mas sua reclamação não cola. Primeiro porque a torcida da Ponte Preta é madura e não se deixa enganar. Ela sabe que a campanha é boa, que pode até desembarcar na região do acesso, mas não ignora as inúmeras limitações e as falhas na montagem do elenco. Brigatti precisa incutir na sua mente que a sua função é produzir um omelete suculento com poucos ovos. E se o freguês (leia-se torcedor) não gostar, ele tem todo o direito de reclamar. Quantas vezes desejar.

Porque sem torcedor não existiria Ponte Preta e sequer ele e os jogadores receberiam os salários pagos.

Brigatti, um conselho: saiba ganhar. Não deixe o ódio, o rancor e a irracionalidade colocar a perder um trabalho que poderá fazer história na Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)