Ponderação deve ser um atributo presente em qualquer gestor de futebol ou comandante de comissão técnica. Precaução é algo que não pode ficar ausente. Bem, pelo menos deveria ser avisado na Ponte Preta.
Entendi a intenção do técnico João Brigatti ao dizer no programa “Jornal Esportes On Line” que a Macaca vai conseguir a classificação à primeira divisão nacional e terá uma equipe qualificada para a Série B do Campeonato Brasileiro. Antes de qualquer coisa é uma injeção de ânimo em uma torcida sofrida e entristecida. Só que usou uma construção de frase equivocada, apesar da boa intenção.
A frase equivocada de Brigatti é reforçada pelas atitudes dos dirigentes. Desde o começo do ano, o presidente do clube, Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho não desmentiu as frases espalhadas a respeito de que procuraria a “cereja do bolo”. Primeiro foi Bruno Nazário, hoje no Botafogo. Posteriormente, nesta reta final, o objeto de desejo foi o volante Ralf, ex-Corinthians. Até a publicação deste artigo tudo ficou na tentativa.
Não há noticia de nenhuma contratação relevante. Nova frustração ao torcedor. Que se mistura com medo diante da proximidade da zona de rebaixamento. Torcedor que fica confuso. Em uma hora, as contratações são ótimas e o time é suficiente; no segundo seguinte os reforços são primordiais.
Tudo isso é fruto da ausência de diálogo interno e externo. Dirigentes deveriam ser os primeiros a elogiar e incentivar os jogadores ali presentes. Todos contratados por eles.
Coloque-se no lugar do atleta quando a Macaca confirma especulações de que está atrás de determinado jogador. Impossível que isso não abale para quem está no gramado.
Sendo específico: Dahwan e Bruno Reis tem todos os motivos do mundo para pensarem que estão desprestigiados não só pela torcida e imprensa (que podem e devem criticar aquilo que consideram equivocado) mas principalmente pela direção do clube que primeiramente anunciam aos quatro ventos que as contratações são ótimas e no minuto seguinte afirma que necessita de reforços.
Conseguir melhor qualidade técnica não é o único desafio do técnico João Brigatti. Construir uma mínima estrutura emocional aos jogadores do elenco é uma tarefa e tanto. Afinal, os atletas não vêem gestos oriundos dos bastidores que traduzam em respaldo e confiança aos que estão em campo.
Em resumo: a insatisfação tem tudo para ser ampla, geral e irrestrita. E os dirigentes não parecem dispostos a aprender. (Elias Aredes Junior)