Vamos olhar sob uma perspectiva otimista. A Ponte Preta entrará em campo na quarta-feira, vencerá o Fluminense e ficará com 22 pontos. Pelo olhar frio dos números, a Macaca ficará com 25 pontos. Metade do caminho andado para fugir de qualquer risco do rebaixamento e quem sabe até voltar a sonhar com dias melhores caso viabilize um segundo turno inesquecível. Responda para si: está satisfeito com o futebol exibido pela Ponte Preta?
Proferir uma resposta negativa vem com diversas justificativas. O primeiro item é comparativo. Por enquanto, o time sequer chega perto do desempenho feito sob o comando de Guto Ferreira, Doriva e Felipe Moreira em 2015 e também de Eduardo Baptista em 2016, que exibia ousadia e boa variação dentro do Majestoso. Duro era atuar na condição de visitante.
Hoje, na prática, Gilson Kleina comanda uma equipe sem identidade, dependente do contra-ataque e com atletas vivendo fase irregular. Poderia vencer o Vasco da Gama e ficar aliviada.
O problema é que as oportunidades são criadas graças ao talento de Emerson Sheik, Cajá e de Lucca e não por jogadas que pareciam ter sido trabalhadas e treinadas na semana: triangulações, penetrações dos volantes a partir da zona intermediária.
Um time basicamente faz variação entre uma ideia solitária ou a inexistência de conceitos. Deu um primeiro passo ao definir uma espinha dorsal a partir do confronto com o Vasco. É pouco. É preciso mais.
Sem contar o desempenho decepcionante de alguns jogadores. Antes da lesão, Fernando Bob não agradava nos últimos jogos. Naldo e Jadson encontram-se longe de atletas que já vestiram a camisa da Macaca e as opções de banco são escassas.
Ou seja, não dá para enganar: o futebol da Ponte Preta é capenga. Sobrevive e por enquanto não corre risco porque alguns concorrentes padecem e tem qualidade sofrível como São Paulo, Avaí, Atlético-GO e até o Vitória. Apesar disso, destes 12 pontos, a Macaca só ganhou 4. Dá para ficar satisfeito?
Você anda nas ruas, percorre as redes sociais e só uma palavra encontra-se em pauta: Fora Kleina, Fora Gustavo Bueno. O palavreado curto, desprovido de argumento não esconde o julgamento já feito e realizado pelas arquibancadas.
Surge a reflexão: a crônica esportiva – ou parte dela- está insatisfeita com o desempenho da Ponte Preta. Os torcedores também. E a diretoria executiva? Está satisfeita com o trabalho da comissão técnica? Considera sólida a estratégia de jogo, as substituições e as escalações adotadas pelo técnico Gilson Kleina? Aprova as contratações executadas por Gustavo Bueno? Considera que sua função tem sido feita com competência e eficiência? Ou nem ousam avaliar o trabalho do departamento de futebol por desconhecimento do assunto? Eu, você e ninguém temos respostas para qualquer uma dessas perguntas.
Porque o que deveria ser rotina é um acontecimento no Moisés Lucarelli. Conversar com torcedor, prestar contas, avalizar linhas de trabalho deveria ser um comportamento corriqueiro. Não é. Ficamos reféns de atitudes, sinais ou medidas que por vezes não correspondem a realidade.
O torcedor da Ponte Preta encontra-se dentro do mar revolto do Campeonato Brasileiro e sem qualquer bússola para orientá-lo. Seu único desejo é chegar na praia da permanência são e salvo. Já ficará no lucro.
(análise feita por Elias Aredes Junior)