Acompanho o noticiário esportivo. Jogadores do Botafogo- RJ reúnem-se e anunciam que continuarão com as entrevistas, mas sem exibir os patrocinadores. Figueirense e Paraná estão envolvidos com problemas financeiros. Nesses casos, há um aspecto comum: os atletas reclamam de descaso por parte dos dirigentes. Flerta com o desprezo.
Tais casos deveriam servir de exemplo ao Guarani. Os pagamentos atrasados não são crônicos, asseguram jogadores aos jornalistas. Menos mal. Só que falta algo.
Nesta tempestade em que o Guarani luta contra o rebaixamento, ninguém deve ser mais valorizado do que os jogadores. Apesar das limitações de alguns atletas, são eles que podem tirar o Guarani do sufoco. Só eles. Palavras positivas podem fazer diferença.
Um técnico que já trabalhou com o ex-presidente Luiz Roberto Zini descreve uma característica que faz falta ao Guarani atual. “O Beto entrou no vestiário para desancar ou xingar o jogador. Ele sempre trazia uma palavra positiva, de que era possível sair de qualquer enrascada”, dizia.
Na Olimpíada de 2012, após uma sequência de derrotas, o técnico José Roberto Guimarães decidiu que só elogiaria as meninas da seleção feminina de Vôlei. Arrancou até a conquista da medalha de ouro.
Pode parecer papo abstrato, mas veja o que disse Brunno Lima na entrevista coletiva desta quinta-feira. “Eu não tenho medo e nem vergonha de falar, mas é um clube que eu não voltaria. O Oeste está engasgado em mim pela forma como fui tratado lá. Claro que para o Guarani a vitória é importante para sequência do campeonato, mas pessoalmente vai ser um jogo especial e preciso ganhar esse jogo” , disse. Certamente ali ouviu muita coisa negativa. Pessimista. De desvalorização do seu trabalho.
Dentro de suas limitações, o Guarani tem que sentir o sentido inverso. Para buscar aquilo que para muitos é impossível.
(Elias Aredes Junior)