Análise: Sete motivos que explicam e justificam a liderança do Guarani na Série A-2

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O Guarani é lider da Série A-2. Está com 25 pontos e exibe um futebol que lhe credencia a ser candidato ao acesso. A torcida encontra-se entusiasmada e eufórica. Alguém pode pensar que tudo é fruto do acaso ou da sorte. Nada mais enganosos. Fatos e personagens foram decisivos para construir uma campanha que exibe credenciais para tirar o Alviverde do calvário. Poderia listar diversos motivos, mas escolhi sete. Penso que são suficientes para explicar a campanha impecável da primeira fase. Confira:

– Retorno às suas origens históricas: Independente das falhas defensivas, que não apareceram contra o Juventus, o Guarani é um time criativo. Letal. Não perde viagem em qualquer circunstância. Tem o segundo melhor ataque da competição, com 24 gols, ao lado do Sertãozinho, e perde apenas do Nacional com seus 26. O estilo da equipe está em sintonia com o estilo do próprio clube, que sempre primou por times destemidos e voltados ao gol.

– A obsessão e a humildade de Umberto Louzer: O colunista confessa de cara: nunca conversou pessoalmente com o treinador bugrino. Jamais trocou palavras pelo telefone. Mas é inegável sua influência na campanha. Sua humildade e didatismo nas entrevistas coletivas chamam a atenção. Mais: não queima jogador. Lucas Kal vive uma fase instável na parte emocional, mas foi retirado sem alarde ou escândalo, assim como Rondinelly. Gestão de grupo na veia. Sem enfeites.

– O talento de Bruno Nazário: As arrancadas do camisa 11 pela meia direita fazem a diferença na Série A-2. Tanto que quando não esteve em boa fase, o time dificilmente somou três pontos, como diante do Rio Claro. Um detalhe, porém, chama atenção: Nazário sabe que seu futuro profissional está em um clube da divisão de elite nacional ou até na Europa. Mas joga com afinco e dedicação a segundona regional. Por um motivo: ele gosta e quer jogar no Guarani. Nestes tempos de futebol midiático, é algo para chamar a atenção.

– O faro de gol de Bruno Mendes: Gols contra o Rio Claro, Internacional de Limeira e Juventus. Após altos e baixos na carreira, o camisa 9 bugrino colocou na mente que a volta ao lugar que lhe projetou na carreira seria sua chance derradeira. Esqueça o atacante estático e parado do começo de sua trajetória. O que se verifica é um atleta consciente de suas funções táticas, pronto para marcar tanto na bola área defensiva como também na hora do oponente encontrar-se com a posse de bola. Centroavante antenado com os tempos modernos.

– A liderança de Fernando Lombardi: Concordo que suas atuações não são de encher os olhos. Um pênalti bobo foi cometido contra a Internacional de Limeira e quase colocou tudo a perder. Mas o zagueiro de 36 anos é um segundo técnico no gramado. Orienta, incentiva, chama a atenção e transmite as instruções do técnico Umberto Louzer. Demonstra até uma visão tática e de estratégica acima dos demais.

– O entusiasmo da torcida: Mais de seis mil pagantes contra o Rio Claro. Outros 895 em Limeira e mais de mil torcedores na manhã deste domingo contra o Juventus. O papel da torcida não é apenas de incentivar. Interessante observar que as oscilações de comportamento ficaram no passado e o time agora tem ao seu lado um torcedor que lhe ampara e compreende nos instantes delicados. Pode ser um fatos de desequilíbrio positivo na reta final.

– Uma diretoria que não atrapalha: Só um maluco não vai detectar tal premissa. As brigas políticas deram uma trégua. Apesar da falta de debates e ideias no Conselho Deliberativo e no Conselho de Administração, não existem trapalhadas. O temor não é a toa. Esta mesma diretoria demitiu um treinador histórico (Vadão) por telefone e foi capaz de assegurar que, na Série B, a equipe chegaria aos 50 pontos. Alguns problemas continuam: a dependência em relação a empresários, a falta de infra-estrutura, o despreparo para lidar com alguns temas do futebol. Por enquanto, a incompetência dos gabinetes não atrapalha. Ainda bem.

Ou seja, os sete motivos para explicar a liderança bugrina demonstram apenas o inevitável: se o acesso for obtido, o mérito será dos jogadores, da comissão técnica e da torcida. Não coloco mais nenhum personagem neste enredo que pode caminhar para um final feliz.

(análise feita por Elias Aredes Junior/foto: Letícia Martins – Guarani Press)