Análise: Umberto Louzer dará certo no Guarani? Ou será mais uma vítima da ausência de convicção?

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Umberto Louzer é o novo treinador do Guarani. Será incumbido de tirar o time do lodo da Série A-2 do Campeonato Paulista. Deve ter consciência da pressão que está sobre seus ombros. Tem cinco rodadas para colher resultados. Caso contrário, o Guarani irá ao mercado em quadro de emergência.

O ultimato demonstra uma debilidade: não há convicção na diretoria. Fica a impressão de que se não fossem os jogadores, o comandante não seria efetivado. Os integrantes do Conselho de Administração seguem sem um pensamento de futebol, um norte, uma filosofia com objetivos claros em curto, médio e longo prazo. Tudo é na base da roleta russa. Se a bola cair no número determinado, ótimo; caso contrário, o jeito é apostar de novo.

Ou seja, espera-se que, em caso de tropeço, nem Palmeron Mendes Filho ou qualquer outro componente do Conselho de Administração apareçam para defendê-lo. Tudo ficará nas mãos de Luciano Dias, o manda chuva do futebol. Se o seu escudo falhar, adeus. Impossível ignorar seu noviciado, pois até hoje seus trabalhos foram muito mais focados como auxiliar técnico ou em categorias de base do que no comando de times profissionais. Esteve no Paulista de Jundiaí? Sim, mas foi muito curto. Será sua prova de fogo.

Nem tudo são espinhos. Existem aspectos positivos que podem levar Umberto Louzer ao sucesso. O principal atende pelo nome de solidariedade e cumplicidade. Como formou bons relacionamentos neste período em que trabalhou no Guarani existe internamente uma torcida explícita pelo seu êxito.

A perspectiva é que funcionários, jogadores e outros integrantes da comissão técnica farão de tudo para ajuda-lo. É só verificar o exemplo de Fumagalli. No ano passado, teve um relacionamento intempestivo com Ney da Matta, pequenas turbulências com Vadão, foi colaborativo com Marcelo Cabo e especialmente com Lisca. Como foi um dos líderes que pediu a efetivação de Louzer, não será espantoso se sua postura for de colaboração.

O novo treinador tem outra vantagem. Como acompanhou a montagem do elenco e do método de trabalho de Fernando Diniz, ele tem condições de encontrar mais rapidamente o caminho para viabilizar que o Guarani atue de outra maneira e com os  jogadores. Se o outro técnico fosse contratado, imagine a confusão: entrar em contato com jogadores que não indicou, desmanchar um esquema tático único e original e, ainda por cima, contar com a necessidade de busca resultados de maneira imediata.

A expectativa é que, com Umberto Lozer, a estrada seja percorrida com atalhos. É a esperança do torcedor bugrino. Que não aguenta mais a estrada esburacada da segundona estadual. Que o novo técnico saiba dirigir com sabedoria.

(análise de Elias Aredes Junior)

4 Comentários

  1. É exatamente a falta de convicção da diretoria (mais) um dos motivos pelos quais não condenei a atitude de Diniz… E com relação ao que o grupo gostar dele, esta amizade com os jogadores é uma vantagem, porém também desvantajosa se ele não souber ter pulso firme em momentos que tenha que contrariar o grupo (ou líderes do grupo).

  2. Eu penso que esta é a chance da diretoria corrigir alguns erros do passado. Pela primeira vez eu gostei da coletiva de imprensa do presidente Palmeron. A mesma diretoria que não permitiu que o Vadão concluísse um projeto no ano passado, recebeu um projeto inacabado do Fernando Diniz neste ano.

    O tempo é o senhor da razão. Independente que como será o Umberto no comando do time, eu entendo que a diretoria acertou em efetivá-lo e precisa dar todo o suporte necessário para ele.

    Acredito que a filosofia de trabalho será a mesma, o Umberto tentará da sua maneira, manter o trabalho iniciado pelo Fernando Diniz, tendendo para um modelo de jogo parecido com o do Vadão (de quem ele diz que aprendeu muito). O Diniz, Barbieri e o Vadão tinham em comum a idéia de ter a posse de bola, tanto para criar mais jogadas quanto correr menos risco de ser atacado. Barbieri e Diniz tem o mesmo discurso do time tomar a iniciativa, o Barbieri cobrava muito dos volantes saírem para o jogo, o Diniz do time todo ter participação, começando pelo goleiro sair jogando com o pés, o Lisca já cobrava mais eficiência nas finalizações, tinha um padrão de jogo mais parecido com a maioria dos treinadores, montava o time mais de acordo com o adversário. Acho que o Umberto pode simplificar tudo e montar um time aplicado e aguerrido, de acordo com a série A2.

    Vou torcer muito para o sucesso do Umberto. Quando ele foi jogador pelo Guarani em 2005, viu mais de 30mil torcedores no Brinco em uma série B e, agora, na curta carreira como treinador e auxiliar técnico, levou o Paulista de Jundiaí a uma final da Copa São Paulo de Juniores, tem sido um elo importante entre jogadores e comissão técnica no Guarani e teve a oportunidade de comandar o time naquele jogo decisivo contra o CRB. Ele precisa agarrar com unhas e dentes esta oportunidade. Este primeiro semestre para o Guarani é tão importante quanto o segundo semestre. Acesso para a A1 e se for campeão, volta a disputar a Copa do Brasil.