Arquibancada: Que pena, Macaca, mas eles não conhecem a sua história!

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Torcida da Ponte Preta, antes da partida contra o Corinthians, válida pelo primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista 2017. Campinas-SP. 30/04/2017, Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

São meia dúzia com poder para comandar uma potência com milhões de apaixonados que nada querem em troca a não ser respeito. Não só com os frequentadores das arquibancadas, mas também com a história que tem sido amassada e jogada no lixo da tradicionalíssima e amada Ponte Preta.

Acostumados com a ditadura Carnielli, que trata o clube como se fosse um dos setores de suas empresas, agora temos a ditadura da informação. Tem gente tratando informação da PONTE PRETA como informação particular que pode ou não compartilhar com quem ele achar pertinente.
Estou falando de José Henrique Semedo. Talvez o setorista que mais tempo cobriu a Ponte Preta na história. Não tenho certeza desse dado, mas foram muitos anos cobrindo a Macaca por diversos veículos de comunicação.

Será que algum dia alguém negou informação para que ele pudesse desempenhar seu trabalho como repórter? Duvido! Não só pela agressão que o ato em si traduz, mas também – e principalmente – pela falta de ética e desrespeito com companheiros de profissão. Semedo negar informações da Ponte Preta ao Só Dérbi e ao Macaca Querida é uma afronta à democracia e, principalmente, ao torcedor tão acostumado e cansado do “mais do mesmo” da imprensa campineira e vê no Só Dérbi uma resistência a essa mesmice aplicada no futebol da alvinegra.

O time nasceu num bairro operário de funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. A mistura de classes sociais e etnias nessas áreas era grande e uma regra. Com a miscigenação nasceu o primeiro time do Brasil e com ela a primeira democracia racial no futebol nacional. Miguel do Carmo foi fundador, dirigente e jogador. Portanto, o primeiro negro a vestir uma camisa de futebol como jogador.

Adotamos as ofensas de “macacos” como mascote após episódios de racismo aos nossos jogadores. Apesar disso, em mais um ato de resistência, adotamos e somos a Macaca (mascote feminino num universo masculino) com muito orgulho.

Construímos o Majestoso! Num ato democrático e único foi concebido nosso Moisés Lucarelli. Mais que um estádio de futebol, um símbolo de união de forças entre classes sociais, caridade, torcida e dirigentes. Clube do interior com mais atletas cedidos à seleção brasileira pela variedade, abertura ao novo e busca por evolução constante.

Enfim, pela sua história, a Ponte Preta sempre foi uma entidade agregadora e não segregadora. Listei apenas alguns fatos históricos e marcantes nessa instituição formada pelo povo e PARA o povo.

É inadmissível o que tem acontecido. Restringir informações e perseguição ao Só Dérbi e ao Macaca Querida é tentar tornar o clube uma posse que não há. O clube é da massa. É do povo. Incrível o que vem acontecendo com o time que passei a respeitar e torcer pela sua gloriosa história de aglutinar ideias divergentes e, sobretudo, diversos setores da sociedade com respeito nas diferenças.

Não é uma simples coincidência que os exemplos do alto escalão vire regra e são seguidos por subordinados. Coisas obscuras e sombrias permeiam o nosso Majestoso.

Miguel do Carmo, Luiz Garibaldi Burghi, Antonio Oliveira, Alberto Aranha, Dante Pera, Zico Vieira e Pedro Vieira da Silva se envergonhariam do tipo de poder que tomou conta dessa grande democracia chamada Ponte Preta.

(análise: André Gonçalves)