Artigo do leitor: você sabe o que significa ser pontepretano?

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*Fernando Vieira

Você sabe por que você torce para a Ponte Preta? A alvinegra caiu nas graças de muitos torcedores por meio de algum parente, amigo ou por motivos dos mais exóticos. Inegável que a paixão pelo clube é legítima, independente do motivo que a gerou. Porém, nem todo mundo sabe o que a instituição Ponte Preta representa dentro e fora das quatro linhas. Você conhece a história do seu clube? Sabe o que ele significa? Para explicar melhor, precisamos fazer uma pequena viagem ao cenário nacional no qual o time surgiu.

Em um tempo onde o futebol era novidade no Brasil, o esporte era praticado por jovens de níveis sociais privilegiados, todos, sem exceções, brancos.

As “peladas” eram disputadas somente por membros de clubes, que serviam como espécie de status quo para os participantes, agindo como um diferenciador de classes e raças.  Ou seja, por mais incrível que pareça, o futebol era um esporte de brancos e ricos, onde pessoas negras não eram bem-vindas, ou melhor, não eram permitidas.

Foi nesse cenário que um grupo de estudantes do colégio Culto a Ciência se juntaram para criar a Associação Atlética Ponte Preta no ano de 1900.

Luiz Garibaldi Burghi, Antonio Oliveira, Alberto Aranha, Dante Pera, Zico Vieira, Pedro Vieira da Silva e Miguel do Carmo juntaram as forças para criar o que viria a ser uma verdadeira revolução no futebol brasileiro.

Miguel do Carmo, que era negro, se tornou tesoureiro e passou, também, a entrar em campo vestindo a camisa do clube, enfrentando de frente um exército racista para trilhar a sua trajetória em uma verdadeira revolução, participando de um esporte para o qual a sua cor de pele não havia sido convidada.

Foi o primeiro jogador negro a atuar no Brasil, o que tornou a Ponte Preta o primeiro clube a aderir à democracia racial no futebol brasileiro.

O time, que incomodava a elite branca, era recebido aos gritos de “macacos” pelos rivais ao entrar em campo, sempre hostilizados e ridicularizados pelos torcedores e agremiações adversárias pelo simples fato de incluir negros em seu elenco.

Alguns desses rivais conhecemos até hoje. Ao observar as arquibancadas, vemos claramente a separação de cores que vão além dos uniformes, o que deixa sempre aquele gostinho de guerra entre classes todas as vezes que os times se enfrentam, mas isso fica para uma próxima reflexão.

Os macacos não abaixaram a cabeça, e como forma de protesto, eles adotaram o apelido de macaca para o time, o que seria também – salvo engano – o único mascote feminino no futebol brasileiro.

Porque apresentei todos esses fatos? Simples. Você não se casaria com alguém que não conhece, não é mesmo? Portanto, se quer ter uma relação com a Ponte Preta, frequentando o cimento do Majestoso e vibrando a cada conquista, é seu dever saber quem é o seu cônjuge.

Mas, quem é a Ponte Preta? A Ponte Preta é igualdade racial, indo contra a maré e sofrendo as consequências de pé em uma época onde ninguém ousava fazer o mesmo.

A Ponte Preta é representatividade das classes mais desfavorecidas, sendo composta em sua maioria por torcedores de classe social baixa, que encontram-se representados em campo ao ostentar o escudo preto e branco no peito.

A Ponte Preta é resistência, frente ao futebol comprado, corrupto e nojento praticado pelos chamados grandes, nadando contra a maré e lutando contra o sistema sempre que possível para alcançar o inalcançável com uma desvantagem monstruosa, que deixariam muitos outros com as pernas tremendo ao entrar em campo.

A Ponte Preta une, quando tudo que querem é nos separar, seja por cor de pele, classe social ou qualquer outro motivo.  Resumindo: A Ponte Preta é a pedra no sapato de quem não presta.

Então, na próxima vez que colocar os seus pés nas arquibancadas do Majestoso, lembre-se de tudo que aquilo significa além do jogo. Lembre-se de quem lutou, lembre-se do que a Ponte Preta representa e leve aquilo para fora de campo, para sua casa, seu trabalho e qualquer lugar onde passar.

Tenha orgulho, meu amigo, você faz parte de algo muito maior que o futebol.

Você é pontepretano.

*Fernando Vieira, 23, é publicitário e internauta seguidor do Só Dérbi nas redes sociais

11 Comentários

  1. PARABENS, FERNANDO VIEIRA: RAIO X PERFEITO DO QUE É SER PONTEPRETANO. O QUE, EM DETERMINADOS PONTOS DESTA REFLEXÃO, TAMBÉM PODERIA SER ASSOCIADO A EXPRESSÃO ‘DAR MURRO EM PONTA DE FACA’. AH, SE TODOS OS TORCEDORES, NÃO SÓ DA PONTE, MAS DOS OUTROS TIMES ‘FORA DA MIDIA’ TAMBÉM, PENSASSEM DESTA FORMA! COM CERTEZA O CENÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO SERIA OUTRO.

  2. Que texto mal feito, acusando o rival de ser racista, saiba que EM TODOS OS TIMES, INCLUSIVE NA PONTE PRETA tem racistas, e em todo os times tem torcedores negros. Falar que a Ponte foi pioneira ao expandir o futebol para os negros é certo, porém chamar os rivais de racistas não é nem um pouco, inclusive é uma afirmação muito errada de se fazer sem provas, apenas para desmerecer o adversário e faze-lo de racista. O Portal Só Derbi deveria revisar melhor os textos que colocam aqui, por que esse texto foi simplesmente ridículo, seria um baita texto se não houvesse essa acusação bem feia de se fazer.
    Só para complementar, a Ponte merece todos os créditos por ter dado oportunidade ao primeiro negro no futebol, é algo histórico, bonito e que merece todos os elogios do mundo, mas falar que os rivais são efetivamente racistas é MUITO errado, e só mostra um certo clubismo por parte do autor, que ao invés de enaltecer o seu time, denegriu os outros de forma covarde em certa estrofe do texto.

  3. Seus argumentos vão por terra pelo seguinte: o Elias é bugrino. Não dá pra generalizar, pois sempre há as exceções, mas que o Guarani, São Paulo, Fluminense, Grêmio sempre foram mais discriminatórios em relação aos negros, isso é inconteste.

  4. Cadê a resposta, o que significa ser xita ?
    Li um texto sobre racismo que todo mundo sabe que ate hoje existe, mais cadê a resposta?
    Fala sobre o futebol os títulos.
    A matéria não tem nada haver com nada.

  5. Vai falar asneira na ponta da praia, Eric. São justamente os negros que não gostam do Guarani, porque durante décadas os pontepretanos armaram esta injusta imagem racista do clube.

  6. Vicente, nem liga para o que alguns dizem aqui. Eu mesmo nem perco tempo respondendo a alguns deste espaço e sugiro a você o mesmo. Achei a matéria desproposital e idiota. O portal deveria ponderar um pouco esse tipo de texto, mas tudo bem. Torcedor é assim mesmo. Racismo, infelizmente, é algo enraizado e camuflado na pele de cordeiros. Tá cheio de “bonzinhos” que no final das contas não prestam, então declarar bom mocismo não me engana. O que vale são gestos e atitudes. Como estamos em um ambiente virtual e acredito que aqui ninguém se conheça pessoalmente, ficamos nesse impasse de quem é bonzinho e quem é mauzinho. Qual time promovia inclusão social/racial e qual a exclusão.
    Mas de qualquer maneira parabéns à aapp por abordar e enfrentar esse tema no passado.

  7. Vcs do guarani, eram raciatas sim na final da sulamericana ,eu estava no tobogã do Pacaembu na torcida do lanus , tinha uns dez bugrino imitando com os argentinos macacos e mostrando à cor da pele . vcs acham superiores sempre foram arrogantes se vcs prestar atenção no texto a pontepreta , era discriminada por ter negro no time na época tanto é que quando entrava em campo eram chamados assim. A pontepreta é do povo e sempre será do negro , branco, pobre e rico !