Campinas pode ser um pólo econômico rentável ao futebol? Confira os dados e veja a estrada aberta para Ponte Preta e Guarani

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Atitudes incompetentes e vacilos administrativos não foram fatores suficientes para impedir que Campinas esteja inserida na elite do futebol brasileiro. Os 40 clubes das Séries A e B representam 23 cidades e contam com 40.233.831 habitantes, o que equivale a 19,7% da população brasileira, hoje estimada em 207 milhões de pessoas.

Se pensarmos que temos 5570 municipios, as cidades inseridas no Brasileirão equivalem a 0,39% do total. A elite da elite.

Como está no meio das feras, a atitude mais comum e corriqueira seria conformar-se com a situação. Afinal, a Ponte Preta está na divisão de elite e concorrendo com os milionários gigantes. Logo, fica difícil pensar em título. O Guarani, depois de anos e anos de calvário na terceirona, deveria se contentar com uma estágio longínquo na Série B.

Engana-se quem elege o futebol um mundo a parte, desconectado da vida social e econômica do Brasil. Esta matéria comprovará com dados publicados no site oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que existe um vasto campo a ser explorado pelos dois clubes. Que podem ser transformadas em duas marcas ainda mais relevantes não só no interior paulista, como no Brasil. Basta aproveitar as oportunidades.

Em primeiro lugar, é preciso saber o tamanho de cada mercado. Nada melhor do que conferir as populações. Vamos começar pela divisão de elite do Brasileiro, que tem 11 cidades com 20 equipes. Veja:

 

1-São Paulo (SP): 12.038.175

2-Rio de Janeiro (RJ): 6.498.837

3-Salvador (BA): 2.938.092

4-Belo Horizonte (MG): 2.513.451

5-Curitiba (PR): 1.893.997

6-Recife (PE): 1.625.583

7-Porto Alegre (RS): 1.481.019

8-Goiânia (GO):1448.639

9-Campinas (SP): 1.173.370

10-Chapecó (SC): 209.553

11-Florianópolis(SC): 477.798

 

A Série B mostra-se mais pulverizada e representativa da diversidade nacional, pois tem equipes de 18 times de 12 estados diferentes. Veja a população de cada cidade:

 

1-Fortaleza(CE): 2.609.716

2-Belo Horizonte (MG): 2.513.451

3-Curitiba (PR): 1.893.997

4-Recife(PE): 1.625.583

5-Porto Alegre(RS): 1.481.019

6-Goiânia (GO):1.448.639

7-Belém(PA): 1.446.042

8-Campinas(SP): 1.173.370

9-Maceió (AL):1021.709

10- Natal(RN): 877.662

11-Londrina(PR): 553.393

12- Caxias(RS): 479.236

13-Florianópolis(SC): 477.798

14-Pelotas(RS): 343651

15-Barueri (SP): 264.935

16-Criciúma(SC): 209.153

17-Varginha (MG): 133.384

18-Lucas do Rio Verde(MT): 59.436

 

Campinas começa a virar o jogo ao verificar o seu potencial econômico. Ou seja, as oportunidades para negócios. Um bom medidor é o Produto Interno Bruto Per capita, que é o Produto interno bruto do município  dividido pela quantidade de habitantes. O PIB é a soma de todos os bens produzidos na cidade. Quanto maior o PIB, mais demonstra o quanto o munícipio é desenvolvido. E seja na Série A ou B Campinas figura no G-4. Na Série B perde apenas para capital paulista. Confira:

 

1-São Paulo (SP): R$ 52.796,78

2-Campinas (SP): R$ 49.950,16

3-Rio de Janeiro(RJ): R$ 46.461,82

4-Porto Alegre(RS): R$ 43.457,67

5-Curitiba(PR): R$ 42.314,73

6-Chapecó(SC): R$ 38.184,47

7-Florianópolis(SC): R$ 37.546,32

8-Belo Horizonte(MG): R$ 35.187,85

9-Goiânia(GO): R$ 32.636,58

10-Recife(PE): R$ 31.513,07

11-Salvador(BA): R$ 19505,00

 

Na Série B um detalhe chama atenção. Em Barueri, o Oeste não aproveita o potencial da cidade e utiliza a arena apenas como espaço de aluguel. Veja:

 

1-Barueri(SP): R$ 177.811,84

2-Lucas do Rio Verde(MT): R$ 49.953,90

3-Campinas (SP): R$ 49.950,16

4-Caxias(RS): R$ 47.586,65

5-Porto Alegre(RS): R$ 43.457,67

6-Curitiba(PR): R$ 42.314,73

7-Florianópolis(SC): R$ 37.546,32

8-Belo Horizonte(MG): R$ 35.187,85

9-Varginha(MG): R$ 34.902,15

10-Goiânia(GO): R$ 32.636,58

11-Criciúma(SC): R$ 31.665,76

12-Recife (PE): R$ 31.513,07

13-Londrina(PR): R$ 29.135,94

14-Natal(RN): R$ 22.128,84

15-Fortaleza(CE): R$ 22.057,20

16-Belém(PA): R$ 20.034,40

17-Pelotas(RS): R$ 19.464,12

18-Maceió(AL): R$ 18.205,44

 

Os clubes de futebol precisam de cidades competitivas. Por dois motivos: primeiro para gerar recursos e melhoria de sua própria infra-estrutura e automaticamente para atrair jogadores e empresários. Uma cidade sem projeção na mídia e com qualidade de vida insatisfatória joga contra dirigentes que buscam o crescimentos dos seus clubes e da qualidade dos seus elencos. Pelo menos neste requisito, Campinas não dá motivo para desânimo. Pelo contrário. Basta verificar os resultados do Indice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) do IBGE e que calcula fatores como expectativa de vida, escolaridade e padrão de vida da população. Quanto mais próximo de 1, melhor é o resultado. Campinas não faz feio e oferece índices comparáveis a cidades que abrigam gigantes do futebol brasileiro. Confira:

 

1-Florianópolis(SC): 0,847

2-Curitiba(PR): 0,823

3-Belo Horizonte(MG): 0810

4-São Paulo(SP): 0,805

5-Campinas(SP): 0,805

6-Porto Alegre(RS): 0,805

7-Rio de Janeiro(RJ):0,799

8-Goiânia(GO): 0,799

9-Chapecó(SC): 0,790

10-Recife(PE): 0,772

11-Salvador(BA): 0,759

 

Na Série B, o Guarani oferece um cardápio ainda melhor em relação aos concorrentes:

 

1-Florianópolis(SC): 0,847

2-Curitiba(PR): 0,823

3-Campinas(SC): 0,0805

4-Porto Alegre(RS): 0,805

5-Belo Horizonte(MG): 0810

6-Goiânia(GO): 0,799

7-Barueri(SP): 0,786

8-Caxias(RS): 0,782

9-Londrina(PR): 0,778

10-Criciúma(SC): 0,778

11-Varginha(MG): 0,778

12-Recife(PE): 0,772

13-Lucas do Rio Verde(MT): 0,768

14-Natal(RN): 0,763

15-Fortaleza(CE): 0,754

16-Belém(PA): 0,746

17-Pelotas(RS): 0,739

18-Maceío(AL): 0,721

 

Não adianta contar apenas com a verba da televisão. É preciso fomentar venda de produtos esportivos, pacotes de pay per view e do projeto de Sócio Torcedor. Os dirigentes bugrinos e pontepretanos não podem reclamar. A renda média do trabalhador campineiro supera até a de capitais importantes como Belo Horizonte, Salvador e Goiânia.

 

1-Florianópolis(SC): R$ 4.483,20

2-Rio de Janeiro(RJ)-R$ 4109,60

3-São Paulo (SP)- R$ 4109,60

4-Porto Alegre(RS): R$ 3922,80

5-Curitiba(PR): R$ 3829,40

6-Campinas(SP): R$ 3736

7-Belo Horizonte(MG): R$ 3362,40

8-Salvador(BA)-R$ 3269

9-Chapecó(SC)-R$ 2615,20

10-Goiânia (GO): R$ 3082,20

11-Recife(PE): R$ 3082,20

 

Na Série B, a competitividade é mantida. Confira:

 

1-Florianópolis(SC): R$ 4.483,20

2-Barueri(SP)- R$ 4203

3-Porto Alegre(RS): R$ 3922,80

4-Curitiba(PR): R$ 3829,40

5-Campinas(SP): R$ 3736

6-Belo Horizonte(MG): R$ 3362,40

7-Belém(PA)-R$ 3362,40

8-Goiânia (GO): R$ 3082,20

9-Recife(PE): R$ 3082,20

10-Caxias(RS): R$ 2988,80

11-Natal(RN)- R$ 2895,40

12-Lucas do Rio Verde (MT)- R$ 2615,20

13-Maceió(AL): R$ 2615,20

14-Londrina(PR)-R$ 2615,20

15-Fortaleza(CE)-R$ 2615,20

16-Pelotas(RS)- R$ 2615,20

17-Criciúma (SC)- R$ 2428,40

18-Varginha(MG)-R$ 2148,20

 

Não despreze a existência de 3,3 milhões de habitantes na região metropolitan e  temos subsídios suficientes para acreditar que Ponte Preta e Guarani, se não podem igualar-se aos gigantes da bola, pelo menos tem uma estrada aberta para buscar recursos, incrementar receita e transformar o futebol em Campinas em um produto atraente e rentável. Basta colocar a mão na massa. Inclusive com ações conjuntas entre bugrinos e pontepretanos. Hora de quebrar alguns tabus para buscar o topo dos negócios.

(Texto, reportagem e análise feita por Elias Aredes Junior)

4 Comentários

  1. Interessante essas estatísticas colocadas na matéria. Realmente há um potencial muito grande a ser explorado pelas equipes da cidades, quando levamos em conta o potencial da região. Mas uma equipe para buscar ter investimento, tem que demonstrar que conta com o apoio da sua torcida, comparecendo nos eventos que ela participe. No caso da Ponte, vemos o esforço da Diretoria na tentativa de aumentar esse potencial, via sócio torcedor, mas, nas arquibancadas notamos que a torcida se faz ausente. Um clube para ser grande tem que ter uma grande torcida presente.

  2. Brilhante como sempre, Elias Aredes. Reportagem de alto nível.Os numeros sao incontestáveis argumentos de que o Guarani é uma marca potencial (produto) e bem posicionado (praça) em mercado invejável. O problema continua sendo o amadorismo de gestões ultrapassadas que precarizaram a marca (futebol), desde a péssima gestão zini. Competencia e transparencia mudaria tudo no medio e longo prazo.