Gilson Kleina comanda o treinamento. Sinaliza a escalação de Léo Arthur no meio-campo e Renato Cajá como opção do banco de reserva. Surge o confronto diante do Vitória (BA), em Salvador. A Macaca toma dois gols e o esquema tático com os volantes Elton, Jadson e Naldo faz água.
Sem pensar duas vezes, o treinador promove ainda na etapa inicial a retirada de Jadson e coloca um meia armador: Renato Cajá. A história descrita acima demonstra um inimigo oculto na nova gestão do técnico pontepretano: a indecisão.
Criticar o treinador por opções de escalação e modelos de jogo é algo natural. Se existe convicção dentro da comissão técnica, diretoria e jogadores de que este é o caminho correto as reações contrárias são até salutares. Promovem o debate.
Só que os resultados aparecem cedo ou tarde. Dou como exemplo uma passagem da própria Macaca. Nas oportunidades em que treinou a equipe campineira, o técnico Marco Aurélio Moreira foi contestado de modo até virulento por imprensa e torcedores. Acusado de retranqueiro e defensivista. Nunca deixou de aplicar o seu método.
Um dos segredos de seu êxito era o respaldo dado por Marco Antonio Eberlim nas oportunidades em que atuou até 2006 e por Dicá na segunda oportunidade, quando foram campeões do interior em 2009. A parceria era tamanha que ambos saíram do clube logo na largada da Série B daquele ano.
Gustavo Bueno concede respaldo? Sim. Vive, no entanto, uma situação diferente. Sua credibilidade perante o torcedor está tão corroída que não convence ninguém com seus argumentos. Alguns coerentes, outros não. Só que é ignorado.
Cria-se um cenário preocupante: como está solitário e sem respaldo, Gilson Kleina vive um jogo de erro e acerto nos treinamentos e jogos. Testa, escala, substitui, muda e faz tudo ao mesmo tempo em ritmo frenético. Busca uma formação estável não só porque sabe que somente os resultados vão lhe sustentar, mas porque os dirigentes estatutários com seu silêncio aumentam deixam a solidão do comandante do banco de reservas.
Chegamos ao seguinte quadro: diante do Vasco, domingo, no Majestoso, não sabemos se a Alvinegra entrará em campo com três volantes e três atacantes ou uma opção com dois atacantes e um armador. E confirmar a escalação não será sinal de garantia. Tudo pode mudar. Fruto de uma gestão sem ligação umbilical com o futebol. Hoje, o vilão da vez é Gilson Kleina. Amanhã será outro. Porque o problema não são as pessoas e sim a metodologia de trabalho.
Uma prova cabal: um técnico de capacidade mediana como Geninho foi campeão brasileiro com o Atlético-PR em 2001, assim como Vagner Mancini triunfou com o Paulista em 2004 ou Muricy Ramalho com o São Caetano em 2004. Em todas essas ocasiões, os clubes em questão exibiam uma filosofia de trabalho com começo, meio e fim. Existia segurança para o treinador desenvolver o seu trabalho.
Enquanto a diretoria executiva não bancar uma linha de trabalho e que seja executada por todos os componentes do futebol, podem anotar: o drama continuará mesmo se Guardiola for contratado como técnico e Rodrigo Caetano como executivo de futebol. Sem convicção, rumo e firmeza para bancar as resoluções em público não há como conquistar nada.
(análise feita por Elias Aredes Junior)