A cultura pop é um precioso instrumento para explicar determinados comportamentos. Faça associação do futebol com a cultura e certamente você terá a disposição uma série de argumentos para destrinchar determinadas conjunturas.
Veja por exemplo a Ponte Preta.
Empatou novamente em casa pela Série B do Campeonato Brasileiro. Está enrolada na zona do rebaixamento.
Quem é culpado?
Quem pisa na bola?
Quem deve ser cobrado?
Nos últimos dias, o presidente da Ponte Preta, Marco Antonio Eberlin fez um esforço concentrado ao conceder entrevistas em três radios locais para explicar o cenário vivido no Moisés Lucarelli e ao mesmo tempo para assumir responsabilidades e de quebra reforçar a ideia de que se ele encontra-se em quadro delicado é porque as outras administrações não fizeram sua parte.
Ao mesmo tempo, uma blindagem é colocada em cima do técnico Hélio dos Anjos. Como entender sua permanência se ele possui 28% de aproveitamento? Pois é.
A figura e o papel de Hélio dos Anjos me remete a figura do mestre dos Magos da Caverna do Dragão.
Não lembra?
Vou relembrar para você. A série mostra um grupo de seis jovens em um parque de diversões embarcando em uma montanha russa e durante o passeio, um portal se abre e transporta as crianças para outro mundo, chamado simplesmente de “Reino”, no qual o grupo já aparece trajando outras roupas e recebendo armas mágicas.
Ao mesmo tempo, conhecem o Mestre dos Magos, cuja funçãoé indicar os trajetos que levam os jovens a encontrarem o sonhado caminho de casa. Só que esse caminho nunca é encontrado.
É o mesmissimo caso de Hélio dos Anjos.
Toda entrevista, em toda declaração ele indica caminhos, trajetos e dicas para a Ponte Preta não somente vencer os jogos como trilhar um novo caminho enquanto instituição. Pense. Raciocine.
Qual efeito prático das ideias exibidas por Hélio dos Anjos? O time venceu? Triunfou? Conseguiu sair da zona do rebaixamento? Exibe um futebol brilhante? A resposta é não.
Assim como o personagem do desenho animado, o “mestre dos magos” do Majestoso aconselha, mas nenhum fruto é colhido. É a sabedoria que infelizmente não tira a Ponte Preta do seu patamar.
Mas a Macaca é tão complexa, tão diferente que apenas uma obra de arte é insuficiente para explica-la.
Se Hélio dos Anjos é o guia mestre de uma caminho inócuo e sem sentido, a própria diretoria parece querer viver em tempo real um circulo vicioso futebol administrativo que se assemelha em muito ao filme Feitiço do Tempo, produzido em 1993 e estrelado por Bill Murray.
Neste filme, Um repórter (Bill Murray) de televisão responsável por realizar as previsões do tempo vai a uma pequena cidade fazer uma matéria especial sobre o celebrado “Dia da marmota”. Por querer ir embora o mais rápido possivel do lugar, ele inexplicavelmente fica preso no tempo, condenado a vivenciar para sempre os eventos daquele dia.
Fale a verdade: você não tem a mesma sensação quando assiste jogos da Ponte Preta? Os mesmos erros de passes, os mesmos equivocos nas conclusões. Pior: parece que os jogadores que atuam de maneira decepcionam não mudam.
É uma roda viva que prende o time da Macaca no tempo. Angustia que aumenta ainda mais quando se percebe que jogadores, dirigentes, comissão técnica não parecem ter forças para sairem dessa roda viva perversa.
O tempo passa, nada avança. Duro é saber que o relógio tem hora e dia para parar: o apito final após a realização da 38ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Interessante que fiz a ligação da Ponte Preta com dois ícones da cultura pop. Que trazem entretenimento e diversão. Já a Ponte Preta não diverte ninguém na atualidade. Só dor de cabeça. Infelizmente.
Elias Aredes Junior com foto de Alvaro Junior-Pontepress