Debate sobre clube-empresa é instalado na Ponte Preta. Torcedores e conselheiros serão protagonistas?

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A mesa do Conselho Deliberativo da Ponte Preta decidiu colocar em pauta na reunião do dia 25 de janeiro a discussão do projeto de Clube Empresa. Várias frentes estão sendo adotadas para que a Macaca monte uma proposta que tenha possibilidade de ser aprovada na Assembleia Geral de Sócios.

Na esfera legislativa, informações são colhidas tanto com o deputado Pedro Paulo (PP-RJ), como com o senador mineiro Rodrigo Pacheco (DEM).  Existem divergências nos dois projetos. O parlamentar carioca acredita que não é necessário criar uma estrutura societária específica.

Sua crença é que dá para adaptar o mundo da bola às leis empresariais existentes. Já o senador mineiro aposta de que é necessário fazer uma lei especifica e com uma estrutura societária diferenciada das demais.

Enquanto os bastidores fervem em Brasileira, a diretoria da Alvinegra campineira aposta em colher informações sobre o que alguns clubes já conseguiram ao transferirem sua camisa de uma entidade associativa sem fins lucrativos para clube empresa.

Representantes do Conselho Deliberativo já estariam em contato com representantes do Botafogo para colher em informações sobre o processo desencadeado no clube da Estrela Solitária e aprovado pelos sócios no final do ano passado.

O presidente pontepretanos Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, por sua vez, intesifica contatos com a direção do Bahia, para colher suas impressões sobre os frutos apurados após o tricolor baiano ter virado empresa, inclusive com remuneração de seu presidente.

A pergunta que não quer calar: a Ponte Preta precisa virar empresa? De modo seco e direto a resposta é sim. Só que é preciso aprofundar o debate. Descobrir  o melhor caminho. Porque é impossível deixar de fora do processo de decisão a comunidade pontepretana.

Deixar a Macaca nas mãos de um único dono deixará  pior um clima que não é bom. Pense:se o torcedor já vira a cara para um dono “virtual” como é o papel desempenhado por Sérgio Carnielli, imagine o que poderá acontecer se a resolução for deixar o clube na mão de uma única pessoa.

As ideias coletadas pelo senador mineiro parecem mais próximas de contentarem os anseios do torcedor pontepretano. Por essa modelagem, A Sociedade Anônima do Futebol teria como premissa a existência de ações ordinárias de classes A e B. A medida seria para que as associações civis que hoje administram seus times de futebol e que na prática são  detentoras de ações de classe A (que tem o Conselho Deliberativo), mantenham poder em relação ao seu futuro quando for abordado temas sensíveis, como mudanças de sede, cores e símbolos. Detalhe: mesmo que a maior parte das ações de classe B sejam vendidas para investidores.

Mais: a Sociedade Anônima do Futebol proíbe que o mesmo investidor tenha participação em mais de um clube-empresa. A meta é evitar casos de manipulação de resultados.

A SAF teria acesso a um título de dívida que os clubes-empresas poderiam emitir no mercado financeiro para captar investimentos com juros mais baixas. Hoje clubes não usam este tipo de ferramenta.

A reunião do dia 25 de janeiro será a largada de um longo processo de discussão. E que deve ser conduzido com frieza, democracia e sabedoria. Inclusive com abertura de amplo espaço a oposição. Espera-se que a Ponte Preta não vire uma praça de guerra.

(Texto, reportagem e análise: Elias Aredes Junior)