Desfraldar bandeiras de Ponte Preta e Guarani na Olímpíada é, antes de tudo, uma atitude de resistência

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A cena virou rotina nas olimpíadas. A câmera dá um close nas arquibancadas e pendurado na marquise está uma bandeira de Ponte Preta ou do Guarani. Imediatamente, as redes sociais replicam as imagens e os torcedores fazem a festa. Reafirmam a sua identidade. O gesto simples tomado nas arenas cariocas tem um significado maior.

Tudo pode ser explicado em uma palavra: visibilidade. Durante toda a temporada do futebol nacional, em maior ou menor grau, os torcedores reclamam do descaso dos meios de comunicação em relação as duas equipes campineiras.

Não tiro a razão de nenhuma das duas torcidas. Os pontepretanos reclamam sobre a falta de projeção e destaque das campanhas da Macaca, seja no brasileirão, Paulistão, Copa Sul-Americana ou Copa do Brasil. Por mais que a Alvinegra jogue um futebol de qualidade, a Macaca é colocada no papel de  clandestina, uma intrusa na festa dos gigantes. Injustiça tremenda. Sem contar os prejuízos causados pela arbitragens nos jogos e que passam batidos pela mídia, seus profissionais e o mundo da bola.

O Guarani  tem seus motivos para lamento. Sim, o seu atual calendário é decepcionante. Série A-2 e terceirona nacional não condiz com o currículo de uma agremiação com títulos nacionais e capaz de revelar jogadores de altíssimo calibre. Ao contrário do Fortaleza, sempre enfocado pelas decepções colhidas nas fases decisivas do mata-mata, o Guarani virou um fantasma no noticiário nacional. Poucos se importam. Quase ninguém liga. E não falamos de um clube outsider e sim de uma agremiação que já foi campeã brasileira e com três participações na Copa Libertadores.

Quando uma bandeira bugrina ou pontepretana é hasteada e focalizada pelas transmissões olímpicas, o recado fica claro. É um brado implícito do tipo “nós existimos”. Um protesto contra a elitização em marcha no futebol brasileiro e com a determinação de reduzir os principais times às capitais ou cidades que sustentem um único time. Detalhe: e que fique sem ambição. Nada de título. Nada de sonhar.

Desfraldar a bandeira no principal evento do problema, de certa forma é um respiro contra a concentração do futebol nacional. Um pedido de socorro para que os “David´s” do futebol nacional tenham pelo menos uma pedra para derrotar os imensos Golias, cada vez mais ricos e populares. Que Ponte Preta e Guarani continuem na trincheira da resistência.

(análise feita por Elias Aredes Junior)