20 de novembro. Dia da Consciência Negra. Uma data importante para refletirmos o quanto os afrodescendentes precisam avançar na sua luta por espaço e cidadania. O futebol não é diferente. Negros e mulheres estão sub representados nos principais postos de comando das agremiações campineiras.
Um reflexo do nosso próprio país e que tem dados inescapáveis. De acordo com o IBGE, 75% dos ricos do Brasil são brancos enquanto 75% dos pobres são negros ou pardos. Se olharmos por esse ângulo, Ponte Preta e Guarani terem recebido dirigentes negros no alto comando nos últimos anos é quase um milagre.
Os dados do IBGE mostram que apenas 11,9% das pessoas ocupadas em cargos gerenciais eram pretas ou pardas. Entre os brancos esse percentual era de 85,9%.No ano passado, os cargos gerenciais eram 68,6% ocupados por brancos, contra 29,9% dos negros.
São dados que explicam porque são raros os treinadores negros que dirigem os times campineiros. N
o Guarani, nesta década, o registro fica apenas para os interinos Marco Antonio e Paulo Pereira e um curto período com Ademir Fonseca. Na Ponte Preta, desde 2011, a listagem é grande e entre os efetivos nenhum negro. Detalhe: na década anterior, o ex-zagueiro Nenê Santana não somente foi interino como dirigiu o time de modo definitivo do banco de reservas.
O que fazer? Não, não é questão de fazer reserva de mercado. Nada disso. Deve-se simplesmente ficar atento ao mercado, ao interior do estado de São Paulo e observar os negros que passam pelo estreito funil e conceder-lhes oportunidades. E cobrar resultados como qualquer outro profissional.
Fato é que muita coisa já aconteceu e frutos foram colhidos. Mas o futebol pode e deve melhorar sua contribuição para a emancipação completa do negro no Brasil. E Ponte Preta e Guarani não podem eximir-se de tal tarefa.
(Elias Aredes Junior)