Eduardo Baptista: um torcedor da Ponte Preta com a prancheta na mão? O que traz de positivo e negativo?

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Na comemoração da vitória sobre o Palmeiras, uma foto rodou as redes sociais e deixou em êxtase o torcedor da Ponte Preta. Mostrava o semblante de vibração e de alegria do técnico Eduardo Baptista na comemoração de um dos gols.

Torcedores já se apressaram em dizer que aquilo era prova cabal do acerto da diretoria pois Baptista entende o que é a Ponte Preta, suas nuances e melindres. Logo depois, na entrevista coletiva, o treinador falou grosso e disse que não admitia a Macaca em posição de inferioridade quando o confronto acontece no Estádio Moisés Lucarelli. Dois gestos que já fizeram o filho do ex-lateral direito Nelsinho Baptista cair nas graças das arquibancadas.

A questão precisa ser analisada com carinho. O fato de ter passado uma parte de juventude e atuado ao lado do pai quando ele esteve no clube na gestão Carnielli lhe concedeu uma vantagem tremenda para viabilizar um processo rápido de adaptação. Eduardo Baptista queimou etapas e colheu os frutos imediatos desta aposta. Ponto para ele.

O lado perverso da identificação com o clube

A identificação no entanto tem seu lado perverso. Ela cobra uma fatura pesada na hora da dificuldade e produz uma exclusão perigosa. No primeiro caso, o próprio técnico pontepretano já sabe que ao sinal dos primeiros tropeços a cobrança será triplicada em relação a qualquer forasteiro. Cilinho sofreu com tal problema. Zé Duarte idem. Marco Aurélio Moreira, então nem se fala.

Quando as derrotas acontecem, o torcedor pontepretano fica ainda mais inconformado com profissionais de raiz e formação no clube. Na teoria, o profissional teria todos os instrumentos para fugir daquela armadilha e parece não ter aplicado. Quem conhece futebol sabe que tal linha de análise muitas vezes é um grande equívoco. Mas é assim que o torcedor pensa.

Exclusão perigosa e involuntária

A fissura em procurar gente ligada ao clube pode gerar uma exclusão involuntária e negativa. Eduardo Baptista foi beneficiado porque os dois profissionais que lhe antecederam no cargo tiveram uma postura distante e protocolar do espirito pontepretano. Vinicius Eutróprio e Alexandre Gallo, independente dos resultados no gramado, adotaram um discurso burocrático, tipico de quem cumpre tabela ou de um profissional focado em querer apenas os proventos viabilizados por seu esforço. A presença de Eduardo Baptista e de sua história produz um clima de esperança. Faz um contraponto de energia a apatia reinante anteriormente.

Tal cenário não pode ser adotado em todas as ocasiões. Se isto fosse uma verdade absoluta, como explicar as estadias exitosas de Gilson Kleina e Guto Ferreira? Nunca tinham trabalhado na Macaca, jamais foram jogadores  mas uniram a capacidade profissional a uma intuição responsável por detectar o comportamento e as emoções emitidas a partir das arquibancadas. Sem contar o técnico Jorginho, condutor da Campanha do vice-campeonato da Sul-Americana em 2013 e eficiente em integrar-se com aquilo que desejava o torcedor.

Ponderação é o caminho

Pergunta: e se exibir ligações com a Ponte Preta passadas fosse uma regra estanque, eliminatória e imutável? Será que valeria a pena descartar estes três profissionais antes mesmo deles sentarem no banco de reservas? Definitivamente não.

Eduardo Baptista tem tudo para fazer uma campanha marcante com a Ponte Preta. E que bom perceber que sua ligação com o clube é genuína e sincera.

Só algo não pode ser esquecido: profissionais competentes e dotados de sensibilidade rara existem em todos os lugares. Basta saber encontrar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)