O presidente José Armando Abdalla Júnior resolveu falar. Reafirmou sua independência, promete anunciar novo técnico em questão de horas e, de maneira sutil, deixou o recado de que o presidente de honra Sérgio Carnielli não deveria mais intrometer-se nas questões do cotidiano. Ótimo.
Faltou uma autocrítica fundamental: admitir que a montagem do planejamento do elenco em 2018 foi um desastre total.
Primeiro pelo time das contratações, algo admitido até pelo gerente de futebol Marcelo Barbarotti. Ora, se o mercado tem suas melhores opções em dezembro e janeiro, como justificar a chegada de Matheus Vargas em setembro?
Falha gritante de planejamento. Sim, porque uma conjuntura é você contratar para complementar um elenco que já é bem delineado e robusto. Outra é você apostar todas as fichas em atletas para consertar problemas crônicos de planejamento.
Abdalla também deveria admitir que o elenco não é uniforme. Algumas posições existem jogadores demais e em outras sequer aparecem.
Dou um exemplo prático. Nathan e André Castro são os volantes mais acionados, enquanto Lucas Mineiro fica como segunda opção mais por ser mais técnico e de controle de bola, característica semelhante de Paulinho. Só que no futebol moderno existe a necessidade de um volante com mais força, velocidade e que saiba realizar uma transição eficiente da defesa para o ataque. A Ponte Preta não tem ninguém.
Na armação, antes da chegada de Matheus Vargas, tudo ficava nas costas de Tiago Real, ao passo que, pelos lados do campo, André Luís é a única opção confiável.
Pergunta: onde está o equilíbrio? Por que não há jogadores de características diferentes para fornecer opções e mecânicas de jogo ao treinador de plantão? Sem contar as boas saídas que não utilizadas. Orinho ficou relegado ao ostracismo e participações esporádicas. Por quê?
Contratar um treinador eficiente é de bom grado. Urgente. Mas sem um elenco equilibrado, de qualidade e que saiba executar múltiplas tarefas fica difícil sonhar com algo grande. Já que a atual diretoria decidiu abraçar e cuidar do futebol profissional, que faça bem feito.
(análise feita por Elias Aredes Junior)