Em sua apresentação, Jorginho fala da epopeia de 2013 e coloca Carnielli na berlinda. Existirá reação?

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Na apresentação realizada na manhã de hoje no estádio Moisés Lucarelli, mesmo que involuntariamente, o técnico Jorginho colocou o presidente de honra, Sérgio Carnielli nas cordas. Com sua explicação sobre aquilo que aconteceu às vésperas do jogo contra o Veléz Sarsfield, em Buenos Aires, em 2013, o novo técnico pontepretano pressiona o ex-dirigente a sair a campo e dar uma explicação oficial.

A fala de Jorginho é dividida em duas partes.

Na inicial, explica que houve uma tomada de decisão de escalar o time titular para o confronto das quartas de final da Copa Sul-Americana. “Existem momentos que você pode tomar uma decisão. O grande problema é que estávamos com 18 mil ingressos vendidos, todo mundo esperando a gente passar para uma semifinal e enfrentar o São Paulo. Fizemos uma reunião, eu, Márcio Della Volpi e o presidente [Sérgio Carnielli], e ele falou para colocar o time reserva. Eu falei: presidente, você tem todo o direito, é só me mandar embora que você tem todo o direito de botar quem você quiser”, descreveu o novo treinador pontepretano.

Em seguida, ele revelou qual foi o argumento encaminhado ao presidente de honra. “Disse a ele: nós temos um compromisso com essa torcida, essa torcida é apaixonada, centenária e não tem um título. E nós temos a possibilidade, por que não? Quando chegamos à final recebi os parabéns de todos, inclusive dele, mas quando sai daqui fiquei sabendo de algumas coisas. Mas nada me entristece, são algumas passadas, uma nova gestão, um novo tempo, e a gente tem que ir em busca desse título que a Ponte não tem”, arrematou.

É preciso contextualizar a história. Carnielli queria a prioridade ao Brasileirão pelo receio de perder a cota de televisão de R$ 30 milhões prometida pelo Grupo Globo para o ano seguinte. Temia que poderia colocar a mão no bolso na trajetória da Série B.

Fica difícil isentar o dirigente pela atitude, caso realmente tenha acontecido da maneira descrita por Jorginho. Se na época Carnielli desejasse a permanência na primeira divisão nacional, as atitudes deveriam ser tomadas muito antes e não há noticia que algo foi feito.

Sendo prático: onde estava Carnielli quando Guto Ferreira e Márcio Della Volpe entraram em rota de colisão e isso culminou com um péssimo inicio na competição nacional? O que ele fez para dar apoio ao então executivo de futebol, Ocimar Bolicenho que só contratou Elias, Felipe Bastos e outros após a situação ficar dramática em termos de rebaixamento? Por que não apoiou de modo entusiasmado o substituto de Guto Ferreira, Paulo César Carpegiani? Por que o ressentimento foi só em cima de Jorginho, que chegou após os fracassos de Guto e Carpegiani? São perguntas que Carnielli poderia responder para o bem do seu legado na Ponte Preta.

A verdade nua e crua é que assim como no presente, a guerra de egos e de vaidades prejudicou a Ponte Preta. Jorginho apenas expôs o que todos desconfiavam.

(Análise, texto e reportagem: Elias Aredes Junior)