Viver é escolher. Renunciar a alguns preceitos e apostar em outros. É acreditar que obstáculos serão enfrentados e superados. O Brasil empatou sem gols contra o Equador em jogo válido pelas eliminatórias. Jornalistas teceram criticas, descreveram a péssima qualidade do jogo e frases clichês foram proferidas, como aquela clássica de que a “Seleção Brasileira” tem que apresentar algo diferente. Balela. Conversa mole e fiada. O Brasil tem que ser competitivo, independente do estilo. Ponto.
O técnico Carlo Ancelotti decidiu apostar em conceitos presentes na escola italiana. O seu foco é montar um bom sistema defensivo. Escalou dois laterais focados em defender. Aviso: para 90% dos técnicos da Terra da Bota, a função primordial de um lateral é marcar. Atacar? Só se der tempo. Ancelotti escalou dois zagueiros -Alex Ribeiro e Marquinhos- com boa estatura. Para que? Para bloquear a bola área do Equador. Ele encurtou etapas. Ele começou a montar o time de modo defensivo para buscar evolução. E a “cereja do bolo” veio com Casemiro colocado a frente dos zagueiros, como autêntico para brisa. O Equador teve poucas oportunidades pelo centro de campo.
Sim, Gerson fracassou na intensidade, assim como o seu companheiro Bruno Guimarães. Nenhum dos dois deixou de se movimentar, realizar a compactação após a perda da posse de bola. Consequência: o time competiu. Muito. Brigou por cada pedaço do gramado. O Equador buscava a bola longa, mas esta não tinha efeito. Por quê? A equipe estava bem posicionada, compacta e tinha bom poder de recuperação. Lembre-se que, em muitas jogadas, tanto Marquinhos como Alex conseguiam se recuperar e sair para o jogo. Vanderson é fraco para Seleção Brasileira? Até concordo. Mas ele se entregou, lutou e marcou, algo estabelecido como prioridade pela nova Comissão Técnica.
Pense: para quem teve três treinamentos para colocar as suas ideias, não pode ser criticado. Pelo contrário. “Ah, mas o ataque não produziu”. Pois é. Vem a questão da escolha. Tal volúpia virá com o tempo e com a utilização da velocidade como trunfo em busca do gol. Mais: a safra de meio-campistas do Brasil é ruim. Ancelotti está condenado a jogar com marcação e no contra-ataque.
Seja honesto consigo mesmo e relembre: a equipe estava uma terra arrasada e no chão após a goleada sofrida para a Argentina. Trazer Carlo Ancelotti foi uma solução de emergência. Tinha fazer muito com pouco tempo. Não foi nota 10, mas longe de reprovação. Diria que de 5,0 a 5,5. Ah, e algo não pode ser esquecido: se não ocorrer melhoria na intensidade e do seu próprio preparo físico, ficará quase Neymar pleitear um lugar no time titular ou até na reserva. Os tempos são outros. Ainda bem.
(Elias Aredes Junior com foto de Rafael Ribeiro-CBF)